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EUA ameaçam 'destruir regime norte-coreano' em caso de guerra

29/11/2017 22h23

Nações Unidas, Estados Unidos, 30 Nov 2017 (AFP) - Os Estados Unidos convocaram todos os países a cortar os laços diplomáticos e comerciais com a Coreia do Norte, afirmou nesta quarta-feira (29) sua embaixadora na ONU, Nikki Haley, que ameaçou "destruir completamente" o regime norte-coreano "em caso de guerra".

Com o novo lançamento de um míssil balístico intercontinental, o primeiro desde 15 de setembro, a Coreia do Norte "escolheu a agressão" e seu comportamento "é cada vez mais intolerável", disse Haley, durante uma sessão do Conselho de Segurança, convocada em caráter de urgência para debater o tema norte-coreano.

"Faz falta continuar tratando a Coreia do Norte como um pária", disse a diplomata, exigindo da China, vizinha e principal parceira comercial de Pyongyang, cortar todo o fornecimento de petróleo ao regime norte-coreano.

O lançamento do míssil, com capacidade para atacar qualquer lugar dos Estados Unidos, acaba com as esperanças de uma saída negociada para a crise gerada pelo programa nuclear e balístico de Pyongyang.

Também representa uma afronta ao presidente americano, Donald Trump, que prometeu impedir que a Coreia do Norte conseguisse desenvolver essas capacidades.

É um "doente mental", disse Trump em alusão ao líder norte-coreano, Kim Jong-Un, com quem a troca de insultos já virou corriqueira.

- "Não há uma solução militar" -Pyongyang já é objeto de oito pacotes de sanções da ONU pensados para forçar o regime de Kim Jong-Un a suspender seus programas de armas balísticas e nucleares.

Os dois últimos pacotes foram adotados após os lançamentos de mísseis intercontinentais e de um sexto teste nuclear: em 5 de agosto decidiram proibir as importações de carvão e ferro norte-coreanos, e em 11 de setembro colocaram um embargo contra os produtos têxteis norte-coreanos e uma limitação ao seu fornecimento de petróleo.

Com base na resolução de agosto, a ONU proibiu a entrada em qualquer porto do mundo quatro navios, suspeitos de violar as sanções, uma medida inédita na história das Nações Unidas.

"As sanções funcionam" mas "podemos fazer mais", disse antes da reunião o presidente em exercício do Conselho, o embaixador italiano Sebastiano Cardi.

Pero a diplomata denunciou que o regime norte-coreano continua exportando carvão e burla as sanções petroleiras, fazendo transferências de derivados "de barco a barco no mar".

Pouco depois do lançamento de míssil, Washington tinha anunciado que pediria novas sanções, mas Haley não evocou durante sua intervenção a redução de nenhuma resolução.

Ainda assim, um novo pacote de sanções exigirá que Rússia e China não recorram ao seu direito a veto.

Embora tenha qualificado o disparo como uma "provocação", a Rússia considera que "não há uma solução militar" para esta crise, declarou o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia.

"A Rússia não pode aceitar um status nuclear para a Coreia do Norte", destacou, pedindo para revisar o enfoque da ONU sobre o tema em vista das ações militares recorrentes norte-coreanas.

China e Rússia defendem uma "dupla moratória": cessar dos exercícios militares conjuntos entre Washington e Seul e cessar dos programas militares norte-coreanos, algo que Washington e seus aliados rejeitam.

- Alegria em Pyongyang -A Coreia do Norte recorreu à apresentadora estrela do regime, Ri Chun-Hee, para anunciar o sucesso do lançamento: "Kim Jong-Un declarou com orgulho que cumprimos com a grande causa histórica de completar a força nuclear do Estado, com o objetivo de construir um foguete potente".

A imprensa oficial fez menção à arma mais sofisticada até o momento, um míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong-15. Segundo a agência KCNA, o artefato, equipado com uma ogiva pesada de grande tamanho, é "capaz de atingir todo o território continental dos Estados Unidos".

Segundo Pyongyang, o projétil alcançou uma altura de 4.475 km antes de cair a 950 km do local de lançamento.

Sua trajetória sugere que Pyongyang poderia ter a tecnologia para lançar um projétil a mais de 13.000 km, o que coloca todas as cidades americanas a seu alcance.

Na capital norte-coreana, muito controlada, foram vistas cenas de alegria em frente aos telões colocados nas ruas.

Pyongyang ainda deve demonstrar que domina a tecnologia de retorno controlado das ogivas do Espaço para a atmosfera. Mas os especialistas acreditam que a Coreia do Norte está, pelo menos, a ponto de desenvolver uma capacidade de ataque intercontinental operacional.

A Coreia do Norte insiste que suas armas convencionais e nucleares querem dissuadir todo ataque contra o país. Em setembro, Trump ameaçou "destruir" toda a nação se os Estados Unidos forem atacados.

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