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Diplomatas dos EUA denunciam assédio sexual dentro do governo

Mulheres usam a hashtag #MeToo em protesto contra abuso sexual  - Bertrand Guay/AFP
Mulheres usam a hashtag #MeToo em protesto contra abuso sexual Imagem: Bertrand Guay/AFP

Em Washington

29/11/2017 18h46

Mais de 220 diplomatas, ex-diplomatas e funcionárias de Defesa e Segurança Nacional dos Estados Unidos somaram seus nomes ao movimento #MeToo, ao divulgar uma carta na qual denunciaram que o assédio sexual é muito recorrente em seus círculos de trabalho.

As "mulheres da comunidade de Segurança Nacional", como são chamadas na carta publicada na noite de segunda-feira, protestaram contra o abuso e a discriminação das mulheres, argumentando que, assim como no setor privado, suas denúncias são ignoradas e são prejudicadas profissionalmente por homens.

"Nós também somos sobreviventes de assédio sexual, agressões e abuso, ou conhecemos outras que são", escreveram.

"Isso não é apenas um problema em Hollywood, no Vale do Silício, em redações, ou no Congresso. Está em todas as partes. Esses abusos nascem do desequilíbrio de poder e de entornos que permitem tais práticas, enquanto silenciam e envergonham as sobreviventes".

As signatárias ocuparam ou ocupam postos de alto escalão nos departamentos de Defesa e de Estado, na Casa Branca, ou em agências de Inteligência, entre elas 60 embaixadoras e ex-embaixadoras.

Apesar do grande número de mulheres que entrou nesses setores, muitas pedem demissão e são poucas as que chegam a altos cargos, acrescentaram.

"Muitas mulheres são impedidas ou expulsas dessas áreas por homens que usam seu poder para agredir um espectro e perpetuar, às vezes inconscientemente, entornos que silenciam, menosprezam e descuidam das mulheres a favor do outro", indicaram.

"Essa comunidade também deve abordar os sérios desequilíbrios de gênero em cargos de liderança, pois as equipes dominadas por homens são mais inclinadas a abusos, enquanto as equipes mais diversas são constantemente vinculadas a melhores resultados".

Também recomendaram que os institutos de seus organismos deveriam obrigatoriamente capacitar todos os funcionários em temas de assédio e estabelecer canais privados para reportar abusos e queixas.

Paralelamente, aconselharam que todas as mulheres que renunciam a suas funções no governo deveriam ser entrevistadas, pois suas declarações poderiam revelar o alcance das situações de assédio.