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Trump e seus tuítes: uma longa história que acabou mal com Londres

30/11/2017 11h13

Londres, 30 Nov 2017 (AFP) - Ele deveria ser o grande amigo e parceiro do outro lado do Atlântico, mas o presidente americano Donald Trump parece ter um prazer especial em atingir - em seus tuítes - o Reino Unido, sua política antiterrorista e seus dirigentes.

Confira abaixo os temas que têm colocado essa "relação especial" à prova:

- Tuítes e terrorismo -No ano em que o Reino Unido foi abalado por uma série de atentados, Trump tem usado o Twitter recorrentemente para criticar a resposta das autoridades, dirigindo-se, sobretudo, ao prefeito de Londres, o muçulmano Sadiq Khan.

Em junho, depois de um atentado cometido em Londres, Trump ataca Khan pessoalmente, acusando-o de não levar a sério a ameaça terrorista. O prefeito se recusa a polemizar, enquanto seu porta-voz denuncia "um tuíte mal informado que tira deliberadamente de seu contexto" as propostas do britânico.

Em 15 de setembro, apenas algumas horas após a explosão de uma bomba na estação de metrô londrino de Parsons Green, o magnata nova-iorquino garante que a Polícia britânica conhecia o autor do ataque e critica a falta de antecipação da força policial. Irritada, a primeira-ministra Theresa May rebate, classificando o comentário de "desnecessário".

Na última polêmica, o presidente americano se dirige diretamente a May, depois que a premiê chamou de "erro" os retuítes feitos por Trump de vídeos antimuçulmanos. "Não se concentre em mim, concentre-se no terrorismo islâmico", alfinetou o empresário.

- Relações comerciais fragilizadas -O clima entre os dois países também pesou em setembro, após a decisão dos Estados Unidos de impor uma série de direitos antidumping sobre aviões da canadense Bombardier, na esteira de uma queixa da concorrente Boeing.

A Bombardier é um dos principais empregadores na Irlanda do Norte, com quase 8.000 funcionários, dos quais mais de 4.000 nas atividades do setor aeronáutico. Essa decisão "pode comprometer nossas relações futuras com a Boeing", adverte o ex-ministro britânico da Defesa Michael Fallon.

- Diplomacia: divergências em série -Rejeição do acordo nuclear iraniano, guerra retórica com a Coreia do Norte e saída do Acordo de Paris sobre o clima: em todos esses grandes temas, Londres diverge da política do presidente americano, assim como a maioria dos líderes europeus.

- Visita de Estado 'non gratae' -Desde o final de janeiro, durante sua visita a Washington, May convidou Donald Trump para uma visita de Estado ao Reino Unido. O convite tem enorme valor simbólico, e sua realização inclui várias honrarias, como ser recebido pela rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham.

No mesmo dia de seu encontro em Washington, porém, Trump anunciava a proibição de entrada em território americano de sete países de maioria muçulmana - medida esta que afetava vários cidadãos britânicos com dupla cidadania. Depois da pressão de um abaixo-assinado e de inúmeros protestos, a visita foi, enfim, adiada para 2018.

Hoje, várias vozes voltam a se levantar contra essa visita. E não apenas a de Sadiq Kahn. Agora, o Partido Trabalhista, de oposição, engrossa o coro de rejeição a uma passagem de Donald Trump pelo país.

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