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Trump se encaminha para tomar decisão sobre traslado de embaixada a Jerusalém

04/12/2017 06h01

Washington, 4 dez 2017 (AFP) - O presidente Donald Trump está perto de tomar uma decisão sobre o eventual traslado da embaixada americana a Jerusalém e o seu reconhecimento como capital de Israel, disse no domingo seu genro e enviado ao Oriente Médio, Jared Kushner.

Líderes palestinos se mobilizam desesperadamente contra essa medida de Washington, pois temem que provoque tal fúria no mundo árabe que eliminaria as esperanças de paz na região.

Mas Kushner, de 36 anos e chefe da pequena equipe negociadora da Casa Branca, fez uma incomum aparição pública na qual deu um tom otimista às suas gestões para chegar a um acordo entre israelenses e palestinos.

"O presidente vai tomar sua decisão", disse no fórum Saban, organizado pela Brookings Institution, e optou por não negar relatos segundo os quais Trump declararia na quarta-feira Jerusalém como capital de Israel.

"Está analisando muitos fatos, e quando tomar sua decisão, será ele quem irá anunciá-la. Tenham certeza que o fará no momento certo", afirmou Kushner.

Trump deve decidir na segunda-feira se adia ou não por mais seis meses os planos de trasladar a embaixada americana de Tel Aviv a Jerusalém.

Todos os presidentes fizeram isso desde 1995 por considerarem que não era o momento para uma decisão dessa envergadura, e se espera que Trump volte a fazer isso, pela segunda vez, embora essa medida não lhe agrade muito.

No entanto, diplomatas e observadores esperam que na quarta-feira Trump diga em um discurso que apoia o direito de Israel a considerar Jerusalém sua capital.

Se Trump anunciar o traslado da embaixada americana a Jerusalém, poderia causar fúria no mundo árabe e complicar as tentativas de Kushner nas negociações de paz que realiza entre israelenses e palestinos.

Os palestinos vêm pressionando líderes regionais para que se oponham à decisão de Washington, e o movimento islamita Hamas ameaçou "reavivar a intifada".

O líder da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, advertiu que uma decisão de deslocar a embaixada americana para Jerusalém poderia estimular o fanatismo e a violência na região.

"É infeliz que alguns insistam em dar este passos, sem importar-se com o perigo que implica para a estabilidade no Oriente Médio e no mundo inteiro", afirmou Abul Gheit.

Mas o genro do presidente americano acredita que há uma oportunidade para a paz se países árabes sunitas da região se alinharem com Israel para enfrentar a ameaça do Irã.

Kushner considera que um acordo entre israelenses e palestinos pode ser alcançado inclusive antes de um grande realinhamento de países.

"A dinâmica regional desempenha um papel importante no que acreditamos que são oportunidades, porque vários desses países olham e dizem que querem a mesma coisa", disse. "E olham as ameaças regionais e acredito que veem Israel, que é tradicionalmente seu adversário, como um aliado muito mais natural que há 20 anos", disse.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falou neste fórum por videoconferência e também se referiu às possibilidades de reconciliação na região.

No entanto, pôs ênfase em considerar o Irã uma ameaça comparável à da Alemanha nazista por sua suposta determinação de "assassinar judeus".

Sua mensagem não teve muitas referências à questão palestina, mas fez alusão à paz regional, embora com prazos mais longos do que os que Kushner tem em mente.

"Tenho esperança no futuro. Hoje Israel é muito mais bem-vindo do que antes pelas nações do mundo", disse.