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Decisão de Trump sobre Jerusalém é obstáculo para paz, diz Guterres

10/12/2017 17h13

Washington, 10 dez 2017 (AFP) - A decisão do presidente Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel prejudicará o processo de paz no Oriente Médio - declarou neste domingo (10) o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

As declarações do chefe da ONU contrastam nitidamente com as embaixadora dos Estados Unidos na organização, Nikki Haley, que defendeu que a decisão de Trump "fará o processo de paz avançar" no Oriente Médio.

O giro político de Washington tem sido muito criticado pelos palestinos, por líderes árabes e por parte da comunidade internacional, preocupada com os protestos na região.

Falando para a rede CNN, Guterres manifestou sua satisfação com o fato de o genro e assessor de Trump, Jared Kushner, ter-se reunido recentemente com israelenses e palestinos para tratar de um novo plano de paz, após anos de paralisia nesse processo.

"Não estou dizendo que isso vai acontecer, mas havia uma esperança de que seria possível pôr fim a esse horrível conflito entre Israel e os palestinos", comentou Guterres.

"Acho que a decisão tomada na quarta pode pôr esses esforços em perigo", acrescentou o secretário-geral.

Para Nikki, porém, esses temores são exagerados.

Em sua opinião, Trump é o primeiro presidente americano que teve a "coragem" de aplicar a lei adotada no Congresso em 1995, mas que foi sistematicamente prorrogada por todos os presidentes.

"Sobre as pessoas incomodadas, sabíamos que isso aconteceria. Se deve a um ato de coragem. Mas acredito firmemente que isso fará o processo de paz avançar", declarou, em entrevista à emissora CNN.

Haley sugeriu que esse passo simplificaria as negociações.

"Agora, (israelenses e palestinos) podem se reunir para tomar uma decisão sobre as fronteiras, podem decidir sobre os limites e o que quiserem que Jerusalém seja", assegurou.

Desde que, na quarta-feira, Trump anunciou sua mudança diplomática com relação a Jerusalém, ocorreram manifestações e confrontos no Oriente Médio.

Nos Territórios Palestinos, quatro pessoas faleceram.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, disse que não se reunirá com o vice-presidente americano, Mike Pence, nas próximas semanas. Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que Israel é um "Estado terrorista" e "assassino de crianças", enquanto o papa Francisco pediu "sensatez e prudência".