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Famílias pedem a Congresso para investigar submarino argentino desaparecido

13/12/2017 20h13

Buenos Aires, 13 dez 2017 (AFP) - Parentes dos tripulantes do submarino argentino "ARA San Juan" pediram nesta quarta-feira (13) a criação, nas duas Câmaras do Congresso, de uma comissão parlamentar de inquérito "para chegar à verdade" sobre o ocorrido com o submersível, desaparecido há 27 dias no Atlântico sul.

"Viemos apresentar um projeto de lei para formar uma comissão bicameral investigadora", declarou nas portas da Câmara dos Deputados Luis Tagliapietra, pai do oficial Alejandro Damián Tagliapietra, um dos 44 tripulantes do submarino.

Como advogado criminalista, Tagliapietra já tinha se apresentado em nome de cerca de 20 familiares como demandante no caso avaliado pela juíza Marta Yañez de Caleta Olivia (sul).

"Queremos que continuem procurando por eles e conhecer toda a verdade sobre o ocorrido, isto é o único que importa", declarou Tagliapietra antes de se reunir com um grupo de deputados encabeçados por Guillermo Carmona, da opositora Frente para a Vitória (FPV).

A comissão "dependerá do nível de consenso com os diferentes blocos", disse Carmona, vice-presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Tagliapietra está convencido de que a Armada (Marinha de guerra) "mentiu e ocultou informação" desde que divulgou a perda de contato com o submersível, quase dois dias depois da última comunicação em 15 de novembro.

Além disso, teme que se decida interromper a busca da embarcação, da qual não há rastro.

O porta-voz da Armada, o capitão de fragata Enrique Balbi, ratificou nesta quarta-feira em coletiva de imprensa que a operação de busca continua com cinco navios no local, a 450 km da costa.

"Não temos data para cessar de colaboração para a busca, nem dos Estados Unidos, nem do Reino Unido, nem da Rússia", disse Balbi, ao confirmar que até o momento todos os indícios foram negativos.

Sobre a suspensão na terça-feira dos altos oficiais da Armada, esclareceu que é "temporária e preventiva", enquanto durar a investigação, no âmbito de uma investigação interna da instituição.

Tagliapietra, por sua vez, considerou "absurdo tentar estabelecer agora as responsabilidades". "É uma cortina de fumaça", afirmou.

As famílias convocaram uma manifestação na Praça de Maio, em Buenos Aires, e em frente à Base Naval de Mar del Plata (400 km ao sul) para a próxima sexta-feira, coincidindo com o primeiro mês do último contato com o submarino, para reivindicar que se continue com a investigação.