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Chile em cinco pontos

14/12/2017 09h39

Santiago, 14 dez 2017 (AFP) - O Chile, que neste domingo vai às urnas para votar no segundo turno das eleições presidenciais, representa desde os anos 90 um polo de estabilidade política e dinamismo econômico na América Latina, depois de 17 anos sob o controle militar de Augusto Pinochet.

- De Pinochet a Bachelet -No dia 11 de setembro de 1973, o general Augusto Pinochet deu um golpe em Salvador Allende, primeiro socialista eleito presidente do Chile em 1970. Encurralado pelos golpistas, Allende se matou no Palácio de La Moneda.

O general dirigiu o país com mão de ferro durante 17 anos. Após perder em 1988 um plebiscito que ele mesmo convocou, passou o poder em 1990 ao democrata cristão Patricio Aylwin, eleito nas urnas, e continuou à frente do Exército até 1998.

Pinochet morreu em 2006, sem ter sido julgado pelos crimes perpetrados por seu regime, que deixou mais de 3.200 mortos, entre eles o pai da atual presidente, o general Alberto Bachelet, e 38.000 torturados.

Michelle Bachelet, que também foi torturada pela ditadura, se tornou em 2006 a primeira mulher a chegar à presidência do Chile. Ela voltou ao poder em 2014, mas anunciou que não voltará à política depois que em 11 de março do ano que vem entregar a faixa presidencial a seu sucessor.

Vinte e sete anos depois da redemocratização, o Chile continua com matizes conservadores. Autorizou o divórcio em 2004 e legalizou o aborto terapêutico em 2017. O Parlamento ainda discutirá uma lei para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

- Laboratório ultraliberal -Pinochet abriu caminho para os 'Chicago Boys', grupo de economistas chilenos que estudaram na Universidade de Chicago com Milton Friedman e Arnold Harberger para aplicar um plano de choque neoliberal que privatizou a saúde, a educação e a previdência. Estas últimas, no governo de José Piñera, irmão do milionário Sebastián Piñera, favorito nas pesquisas para voltar à presidência de Chile nessas eleições.

O modelo econômico chileno se baseia nas exportações, o que lhe permitiu liderar, nos anos 80 e 90 os investimentos estrangeiros diretos na América Latina.

O 'milagre chileno' teve sua contrapartida: uma enorme desigualdade que se se mantém até hoje, com salários baixos e os serviços básicos privatizados.

- Dependência do cobre -O Chile registrou em 2016 seu crescimento mais baixo em sete anos (1,6%) por causa da queda do preço do cobre, do qual é o principal produtor mundial com quase um terço da produção. A melhora dos preços do metal nos últimos meses permite prever uma recuperação do crescimento. A Comissão Econômica para América Latina (Cepal), prevê um crescimento de 1,5% em 2017 e de 2,8% em 2018.

O lítio, a madeira, a agricultura e a pesca constituem os principais produtos da cesta exportadora chilena.

Neste país de 17,5 milhões de habitantes, a taxa de pobreza ficou em 11,7% em 2016, três vezes menor do que em 1990, segundo o Banco Mundial.

As desigualdades continuam sendo muito pronunciadas, alertou a OCDE em 2015. A qualidade da educação é desigual, o acesso aos melhores centros continua reservado às famílias com mais recursos, segundo a entidade.

Michelle Bachelet proibiu a seleção dos estudantes e introduzido gradualmente a gratuidade nos centros que recebem ajuda do Estado. Para o ano que vem, espera-se que 70% dos estudantes com de camadas mais pobres recebam bolsas.

- Terra de terremotos -Este país de 756.950 km2 se estende por 4.300 km do deserto do Atacama, no norte, à Antártida, no sul, em uma estreita faixa de terra (350 km em seu ponto mais largo), entre o oceano Pacífico e a cordilheira dos Andes.

País mais sísmico do mundo, também foi sacudido por fortes tsunamis. Em 1960, a cidade ao sul da Valdívia sofreu um terremoto de magnitude 9,5, o maior registrado na história, em que morreram 5.700 pessoas.

Em 27 de fevereiro de 2010, outro terremoto de 8,8 seguido de um tsunami causou mais de 520 mortos, uma centena deles devido à imensa onda.

O Chile, situado no 'Cinturão de Fogo do Pacífico', também conta em seu território com numerosos vulcões ativos.

- Paraíso astronômico -Beneficiado por um céu límpido na maior parte do ano e com um ar seco e frio, o norte do Chile abriga os telescópios mais importantes do mundo e espera concentrar 70% das infraestruturas astronômicas mundiais para 2020. A construção do maior telescópio do mundo (ELT) começou em 2017 no deserto do Atacama, sob a administração do Observatório Europeu Austral (ESO).

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