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Distúrbios forçam Congresso argentino a suspender sessão sobre reforma da previdência

14/12/2017 23h50

Buenos Aires, 15 dez 2017 (AFP) - Um protesto convocado por centrais sindicais e reprimido pela polícia acabou nesta quinta-feira em violentos incidentes em frente ao Congresso argentino, forçando a suspensão de uma sessão na qual se deveria votar a polêmica reforma da previdência.

Os incidentes aconteceram nos arredores do Congresso, quando milhares de manifestantes se reuniam para pedir aos legisladores que rejeitassem a medida impulsionada pelo presidente Mauricio Macri para reduzir o déficit fiscal.

A polícia de choque utilizou jatos d'água, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes, que atiraram pedras e queimaram lixo na rua. Os incidentes deixaram dezenas de feridos, incluindo dois deputados opositores, que foram atendido na enfermaria do Congresso.

No plenário do Congresso, legisladores trocaram socos e a oposição exigiu aos gritos a suspensão da sessão diante da "falta de condições".

Em meio à repressão policial, a deputada governista Elisa Carrió também pediu a suspensão porque "não se pode legislar com esta violência".

Apesar da suspensão da sessão, os incidentes prosseguiram durante algumas horas em torno do Congresso, onde automóveis foram atacados e vitrines, destruídas.

O chefe de Gabinete, Marcos Peña, acusou a oposição de incitar à violência. "Observamos a busca clara pela violência, primeiro na rua e depois no próprio recinto" do Congresso.

"Vamos trabalhar com as forças parlamentares para ver o melhor momento" para voltar a discutir isto no Parlamento. Não acreditamos que pela violência as minorias possam modificar um debate parlamentar", declarou Peña.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal central operária da Argentina, responsabilizou o governo pelos distúrbios e por "militarizar os arredores do Congresso", e advertiu que lançará uma greve geral e um plano de luta contra a reforma.

O governo considera a reforma fundamental para se reduzir o déficit fiscal.

A reforma prevê mudanças no cálculo e na periodicidade dos ajustes das aposentadorias de 17 milhões de pessoas, com uma redução de gastos anual de cerca de 100 bilhões de pesos (5,6 bilhões de dólares).

Atualmente, as aposentadorias são reajustadas semestralmente com base em um índice que leva em conta a arrecadação tributária e a média dos aumentos salariais. O governo propõe uma atualização trimestral, mas substituindo no cálculo a arrecadação tributária por um índice de inflação.

Com o novo cálculo, o próximo reajuste, em março, seria de 5,7%, contra 12%, segundo a oposição.