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EUA afirma que Irã fabricou míssil disparado contra Arábia Saudita

14/12/2017 19h07

Washington, 14 dez 2017 (AFP) - A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, assegurou nesta quinta-feira que o Irã fabricou o míssil que os rebeldes huthis do Iêmen lançaram contra a Arábia Saudita no começo de novembro.

A diplomata assegurou ainda que Teerã violou as resoluções do Conselho de Segurança da ONU para limitar sua atividade armamentista.

De uma base militar em Washington, a diplomata reafirmou que as digitais do Irã estão na arma lançada no dia 4 de novembro contra um aeroporto da Arábia Saudita.

"Foi fabricado no Irã antes de ser enviado aos rebeldes", afirmou, provocando a resposta imediata e categórica de Teerã, que denunciou provas "fabricadas" por Washington.

O Irã nega "categoricamente" as acusações, ressaltando que elas "não têm fundamento" e que são "irresponsáveis, provocadoras e destrutivas", declarou o porta-voz da missão iraniana nas Nações Unidas, Alireza Miryousefi.

Essas "supostas provas, apresentadas publicamente hoje, são fabricadas, assim como as outras apresentadas em ocasiões precedentes", garantiu.

"O governo americano tem uma agenda e constantemente engana a opinião pública, criando casos inventados", acrescentou.

A missão iraniana afirmou ainda que as acusações de Haley têm o objetivo de desviar a atenção da guerra no Iêmen, na qual a Arábia Saudita - aliada dos EUA - lidera uma coalizão militar.

- A origem do míssil -Haley pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que endureça sua postura com o Irã, acusando Teerã de realizar negócios ilegais de armas no Iêmen, no Líbano e na Síria.

Um relatório confidencial enviado ao Conselho de Segurança aponta que funcionários da ONU que examinaram pedaços de mísseis disparados contra a Arábia Saudita encontraram uma "origem comum", mas que não se chegou a uma conclusão consistente sobre se foram elaborados por alguma empresa iraniana.

Haley disse que o artefato era um míssil balístico Qiam de curto alcance e que as válvulas encontradas demonstram sua procedência. O Qiam-1 se baseia em um design modificado dos mísseis Scud.

"As revelações de hoje [quinta-feira] demonstram mais uma vez que a perigosa presença do Irã no Oriente Médio está crescendo, apesar de suas tentativas de enganar o mundo", afirmou o comunicado do embaixador de Israel na ONU, Danny Danon.

"A ameaça de mísseis iranianos se estende do Golfo Pérsico através de Iêmen, Síria, Líbano e Gaza", acrescentou.

- Campanha militar -O relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, que foi obtido pela AFP, indica que a informação ainda está sob análise por funcionários da organização.

Outra equipe de especialistas da ONU que examinou os fragmentos de mísseis no mês passado durante sua visita a Riad encontrou um possível vínculo com um fabricante iraniano, o Grupo Industrial Shahid Bagheri, que está na lista negra da ONU.

Os especialistas, que informam ao Comitê de Sanções das Nações Unidas, encontraram um componente com uma marca similar ao de uma firma proscrita, que é uma filial da Organização de Indústrias Aeroespaciais do Irã.

Guterres disse em seu relatório que os funcionários viram a logo, mas continuam analisando a informação.

Behnam Ben Taleblu, principal analista do Irã da Fundação para a Defesa das Democracias, disse à AFP que a aparente disposição do Irã de arriscar-se a transferir mísseis aos huthis indica que o cenário do Iêmen "pode não ser tão periférico para Teerã como se supunha".