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Alejandro Guillier, o jornalista que sonha ser presidente do Chile

16/12/2017 10h19

Santiago, 16 dez 2017 (AFP) - O jornalista Alejandro Guillier enfrenta o magnata Sebastián Piñera no segundo turno das eleições presidenciais no Chile contando tirar vantagem de um cenário de desconfiança popular a respeito dos políticos tradicionais.

As três décadas de carreira no jornalismo de Alejandro Guillier, que foi repórter, editor chefe e apresentador dos principais telejornais do país - e que fizeram dele um dos jornalistas de maior credibilidade do Chile -, prepararam o caminho para que ele se transformasse, aos 64 anos, no candidato com mais chances dentro da coalizão governista.

Com o governo sem um nome forte para a disputa, o jornalista superou figuras históricas da esquerda chilena, como o ex-presidente Ricardo Lagos (2000-2006), preterido pelo Partido Socialista em favor de Guillier, estrela emergente nas pesquisas.

Diante da intensa energia do principal candidato, o ex-presidente Sebastián Piñera, que afirma dormir apenas cinco horas, Guillier defende o 'cochilo', a boa comida e as longas conversas com um tom mais pausado. Muitos o acusaram de falta de entusiasmo na campanha.

"As pessoas confundem, estão acostumadas com os hipercinéticos", disse em uma entrevista recente entrevista, depois de ressaltar que foi o "único candidato que percorreu todo o Chile".

Apesar de ter o apoio dos partidos tradicionais de esquerda, Guillier defende sua posição de "independente". Iniciou sua carreira política há quatro anos, quando foi eleito senador pela região de Antofagasta (norte) com 37% dos votos.

O preço de sua independência foi elevado: a disputa à presidência como candidato sem partido o obrigou a enfrentar a complexa missão de obter, com recursos privados, mais de 30.000 assinaturas reconhecidas em cartório, em um trabalho de 'formiguinha' em todo o país.

"Tenho que alcançar um equilíbrio muito difícil entre uma forma mais transparente e horizontal de governo e a tradição política", disse Guillier - que estudou Sociologia antes do Jornalismo - em um encontro com correspondentes estrangeiros, para defender o que chama de "estilo cidadão".

Casado com a antropóloga María Cristina Farga, usou durante a campanha o slogan "o presidente das pessoas", em uma tentativa de enfatizar sua proximidades com a população, que ainda o reconhece mais por seu trabalho na televisão.

Na tv, em 2013, dividiu espaço com Beatriz Sánchez, também que disputou o primeiro turno dessas eleições como representante da esquerda radical e terminou em terceiro lugar.