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Começa a retirada de pacientes da região síria da Guta Oriental

27/12/2017 07h14

Genebra, 27 dez 2017 (AFP) - A operação de retirada de civis em estado crítico de Guta Oriental - reduto rebelde perto de Damasco, cercado há dois anos pelo regime sírio e cenário de uma grave crise humanitária - começou, anunciaram nesta quarta-feira várias ONGs.

Após meses de espera, período em que morreram 16 pessoas, "o @SYRedCrescent (Crescente Vermelho) com a equipe do @ICRC iniciou a retirada dos casos médicos críticos de #GutaOriental para #Damasco", escreveu o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Twitter.

Quatro pacientes foram retirados, três crianças e um homem, informou à AFP um diretor do Crescente Vermelho sírio, Ahmed Al-Saur, antes de completar que 29 pessoas devem deixar o setor rebelde.

Os quatro paciente são uma menina hemofílica, um menino com síndrome Guillain-Barré (doença do sistema nervoso), um menino com leucemia e um homem que precisa de um transplante de rim.

Guta Oriental é um dos últimos redutos rebeldes na Síria e está cercada pelas tropas do governo desde 2013, o que provocou a falta de alimentos e de atendimento médico para os quase 400.000 moradores da região, que fica na periferia de Damasco.

Na semana passada, o diretor da força de trabalho humanitária da ONU para a Síria, Jan Egeland, advertiu que pelo menos 16 pessoas morreram enquanto esperavam pela saída de Guta Oriental.

"O número está caindo, não porque nós estamos retirando as pessoas, mas porque elas estão morrendo", declarou à imprensa em Genebra.

"Temos a confirmação de que 16 pessoas desta lista morreram desde que a relação foi reenviada em novembro e provavelmente agora é ainda maior", afirmou, ao destacar o caso de um bebê que faleceu em 14 de dezembro, enquanto as negociações de paz em Genebra terminavam em fracasso.

A ONU fez um apelo urgente para retirar 500 pacientes da região e alertou que a lista de pacientes está diminuindo por falta de atendimento.

A organização humanitária Sociedade Médica Sírio-Americana informou que a retirada envolve "29 casos críticos, aprovados para uma evacuação médica até Damasco".

"Quatro pacientes foram transferidos hoje", completou.

A guerra na Síria deixou mais 340.000 mortos e milhões de deslocados desde o início do conflito, que começou em 2011 com manifestações pacíficas contra o regime.