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Paquistão recorda os 10 anos do assassinato de Benazir Bhutto

27/12/2017 12h18

Karachi, 27 dez 2017 (AFP) - Milhares de pessoas se reuniram nesta quarta-feira ao redor do túmulo da ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto, dez anos após seu assassinato em 27 de dezembro de 2007.

Os mandantes do crime ainda não foram levados à Justiça.

Cerca de 20 mil pessoas viajaram para Garhi Khuda Baksh, reduto da família Buttho, localizada a cerca de 450 km da megalópole Karachi, segundo imagens da televisão.

"Tenho a impressão que nos tornamos órfãos depois que ela caiu em martírio", observou Allah Varayo, de 45 anos, entrevistada por telefone pela AFP enquanto estava perto do túmulo.

Ao redor dele, uma multidão acenava bandeiras nas cores preta, verde e vermelha, do Partido Popular do Paquistão (PPP), o movimento político dos Bhutto, fundado pelo avô de Benazir, Zulfikar Ali.

"As pessoas estão mais animadas, vieram em maior número do que nos anos anteriores", aponta Ahsan Junejo.

Bhutto, duas vezes eleita primeira-ministra do Paquistão e a primeira mulher da era contemporânea a liderar um país muçulmano, foi assassinada em um atentado suicida em Rawalpindi.

De acordo com a versão mais aceita, um criminoso atirou em seu pescoço depois de um comício antes de acionar sua carga explosiva perto de seu comboio, matando outras 24 pessoas.

O então presidente paquistanês, o general Pervez Musharraf, é suspeito de envolvimento em uma grande conspiração para matar sua rival antes das eleições.

"Assassino, assassino. Musharraf assassino", gritavam nesta quarta-feira a multidão, enquanto Bilawal Bhutto, filho de Benazir, liderava o coro em um pódio instalado perto do túmulo.

A Justiça paquistanesa, depois de acusá-lo pelo assassinato de sua rival em 2013, declarou Pervez Musharraf como "fugitivo" em agosto passado. O ex-presidente, que agora mora em Dubai, também teve seus bens confiscados.

Musharraf nega ter tido participação no crime que causou o caos no país durante vários meses.

Logo após o assassinato, o regime imediatamente acusou o líder do Talibã paquistanês na época, Baitullah Mehsud. Este último, que negou qualquer envolvimento, foi morto por um drone americano em 2009.

Em 2010, a ONU acusou o governo de Musharraf de não fornecer proteção adequada para Bhutto, observando que sua morte poderia ter sido evitada.

Até à data, apenas duas pessoas foram sentenciadas pelos tribunais neste caso. Dois policiais foram condenados a 17 anos de prisão por "má gestão da cena do crime", depois que lavaram o local duas horas após os fatos e por essa razão poucas pistas foram encontradas.