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Dúvidas sobre eleições hondurenhas permanecem, afirma OEA

28/12/2017 22h24

Tegucigalpa, 29 dez 2017 (AFP) - A OEA advertiu nesta quinta-feira (28) que ainda tem dúvidas sobre quem ganhou as eleições em Honduras, embora a autoridade eleitoral tenha declarado a vitória do presidente Juan Orlando Hernández sobre o opositor Salvador Nasralla.

"A estreita margem entre os votos obtidos por uma e outra candidatura, assim como as irregularidades, erros e problemas sistêmicos que cercaram esta eleição não permitiram em seu momento à Missão ter certeza sobre quem foi o ganhador da eleição presidencial", disse a delegação de observadores da OEA.

Ao divulgar seu relatório final, de 34 páginas, a Missão de Observação Eleitoral da Organização de Estados Americanos (MOE/OEA) expôs que "observou um processo de baixa qualidade eleitoral e não pôde afirmar que as dúvidas sobre o mesmo estejam hoje esclarecidas".

Em uma nota entregue à missão de Honduras da OEA, o secretário-geral, Luis Almagro, denunciou pressões do governo, motivo pelo qual considerou divulgar em Washington o relatório final das eleições "por segurança" dos membros da missão.

- Pressões contra a missão -"Se houve pressões sobre a MOE violando sua independência foi por parte de setores vinculados ao governo, tanto que a MOE em algum momento considerou a eventual apresentação do relatório em Washington por razões de segurança", afirmou.

A nota foi entregue em resposta a uma negativa de Honduras a uma solicitação feita pela OEA ao governo de autorizar a entrada de um delegado para "conhecer a situação dos protestos e a resposta do Estado" às mobilizações.

Acrescentou que a solicitação "era parte do esforço para pacificar e deter as mortes (por causa das mobilizações) que já passavam de 32 conforme as denúncias".

Em seu relatório final, a missão questionou a politização do TSE, que declarou Hernández vencedor.

Em uma primeira contagem, o TSE deu uma vantagem de cinco pontos, com 57% dos votos a Nasralla, mas, depois de uma série de interrupções no sistema de cômputo, o resultado foi sendo revertido até que Hernández ficasse com 42,95% contra 41,25% do opositor.

Com base em uma análise realizada por um professor da universidade americana de Georgestown, a OAE assegurou que "é estatisticamente improvável" a mudança de tendência de voto que aconteceu na recontagem validada pelo TSE.

A missão também classificou de "prática ruim" a decisão do tribunal eleitoral de declarar a vitória de Hernández por uma "situação irregular" da Sala Constitucional.

A carta magna hondurenha proíbe a reeleição de um presidente, mas a Sala Constitucional, integrada por cinco magistrados, derrogou a proibição depois de um recurso apresentado por deputados oficialistas.

Almagro, propôs a convocação de novas eleições, enquanto os Estados Unidos reconheceram a declaração de Hernández como presidente reeleito, decisão tomada após o reconhecimento por uma dezena de países.