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Indignação, raiva e tristeza entre vizinhos da casa do horror

17/01/2018 00h51

Perris, Estados Unidos, 17 Jan 2018 (AFP) - Uma família diferente, sem dúvida, mas que nunca tinha dado motivos para se chamar a polícia. Assim os vizinhos definem o casal David e Louise Turpin, que mantinham os 13 filhos em cativeiro em condições desumanas.

Ninguém imaginava o terror que enfrentavam os jovens dentro de uma casa de classe média em Perris, uma pequena cidade a sudeste de Los Angeles: sujeira, fome e correntes para manter alguns presos às camas.

A vizinha Érica Carmona, 34 anos, viu os meninos "magros, tristes, tímidos e pensou que eram crianças especiais". Uma vez "cheguei a pensar que eram sequestrados", mas aí achei que "estava viajando".

"Muitas coisas eram estranhas, mas não o suficiente para se chamar a polícia", concordou Kimberly Milligan, 50 anos, que há dois anos e meio mora diante da casa dos Turpin na rua Muir Woods. "Pensei que eram pais superprotetores à décima potência".

"É claro que se soubesse que acontecia algo, qualquer abuso, teria chamado a polícia", declarou Wendy Martínez, 41.

Greg Fellows, chefe da polícia de Perris, assinalou em entrevista coletiva que jamais recebeu qualquer denúncia sobre os Turpin.

Os Turpin não falavam com os vizinhos, nem mesmo um simples bom dia ou um alô, mas aparavam sua grama, exceto em algumas ocasiões.

No estacionamento da casa há três carros compactos e um furgão. Os carros têm placas personalizadas relacionadas à Disneylândia, parque de diversões já frequentado pela família, como revelam fotos no Facebook.

Ao saber da notícia, Rosenberg Salgado, 42, correu para a casa dos Turpin. Sua sobrinha, Elizabeth Laguna, está desaparecida há três anos e ele teve esperanças em encontrá-la lá.

"Como tinha gente acorrentada, vim correndo. Pensei que poderia estar aqui", disse Salgado com a foto da sobrinha nas mãos.

Keyla Redd, 23, lembrou que no Dia das Bruxas passou diante da casa do horror e viu David Turpin "segurando uma cruz e uma tocha e dizendo para as crianças que na sua casa não festejavam o Halloween".

Os irmãos Turpin, que Kimberly Milligan descreveu como "pálidos como vampiros", foram levados para hospitais da região, onde estão sendo tratados de desnutrição e submetidos a diversos exames.

O casal Turpin está detido sob diversas acusações, inclusive tortura.

"Há um lugar especial no inferno para gente como esta", concluiu Milligan.

jt/lr

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