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Funcionários em desemprego técnico por falta de acordo em orçamento dos EUA

22/01/2018 15h15

Washington, 22 Jan 2018 (AFP) - Milhares de funcionários americanos não puderam ir trabalhar e ficaram em suas casas nesta segunda-feira (22), diante da incapacidade dos legisladores democratas e republicanos de adotarem no fim de semana um acordo orçamentário que permita financiar o Estado.

Apesar das conversas incessantes, os senadores dos dois grupos não souberam ultrapassar as diferenças e permitir que os funcionários federais fossem trabalhar por falta de um orçamento federal.

O metrô e as principais estradas que levam à capital do país estavam muito mais vazias do que de costume.

Uma votação no Senado, que eventualmente poderia acabar com a paralisação da administração federal, que entrou em vigor à meia-noite de sexta-feira, estava inicialmente prevista para a noite de domingo, mas foi adiada, em princípio, até esta segunda-feira ao meio-dia (15h00 de Brasília).

O obstáculo continua sendo o tema da imigração.

Os democratas, que são minoria nas duas Câmaras, mas são indispensáveis para adotar um orçamento mesmo que temporário, querem compromissos sobre o destino de centenas de milhares de imigrantes ilegais que chegaram quando crianças aos Estados Unidos, conhecidos como "dreamers", antes de avalizar algum acordo.

Uma possibilidade de compromisso mencionada pelos republicanos seria votar um orçamento temporário, até 8 de novembro, e se comprometerem a abordar a questão da imigração o quanto antes.

O presidente Donald Trump tuitou nesta segunda-feira acusando a "extrema esquerda" do Partido Democrata pela situação, e denunciou que "preferem renunciar aos serviços e à segurança de seus cidadãos em benefício dos serviços e da segurança dos não cidadãos".

A porta-voz da Presidência, Sarah Sanders, afirmou à emissora ABC nesta segunda-feira que "o objetivo do presidente é que o governo abra suas portes". "É escandaloso que os democratas tenham como refém a nossa segurança nacional", acrescentou.

Após a entrada em vigor da paralisação do governo federal, a Casa Branca afirmou que não consideram a possibilidade de negociar o tema da imigração até votem um orçamento temporário.

O líder da bancada democrata, Chuck Schumer, zombou de seus adversários no domingo à noite ao recordar que esta é a primeira vez que a administração federal paralisa quando a Casa Branca, a Câmara de Representantes e o Senado estão nas mãos de um mesmo partido.

- A Estátua da Liberdade resiste -Embora as administrações consideradas essenciais continuem funcionando, particularmente as encarregadas da segurança do país, muitas outras informaram a seus funcionários que ficassem em casa nesta segunda.

A única certeza é que a Estátua da Liberdade, que estava fechada aos turistas desde sábado de manhã, abrirá nesta segunda-feira, já que o estado de Nova York pagará do seu bolso os funcionários federais necessários para a reabertura deste monumento, representativo de um país aberto aos imigrantes.

A estátua é importante para a economia, mas "é mais que isso", assinalou no domingo o governador democrata de Nova York, Andrew Cuomo. "É um símbolo de Nova York e de nossos valores (...) Sua mensagem nunca foi tão importante como hoje".

Neste contexto, Donald Trump mencionou no domingo em um tuíte a possibilidade de mudar as regras de votação no Senado.

Esta hipótese é conhecida em Washington como "opção nuclear", já que marcaria uma ruptura radical no funcionamento desta instituição, destinada a contrabalancear os excessos partidários da tumultuada Câmara de Representantes.

O regulamento interno do Senado, composto por 100 legisladores, estipula que em cada moção, como, por exemplo, a programação de uma votação, qualquer senador tem o direito de objetar. Essa objeção apenas poder ser superada pelo voto de três quintos do Senado. Na prática significa que são necessários os votos de 60 dos 100 senadores para poder fazer o que for.

Mas tomar a decisão unilateral de diminuir a barreira de 60 votos para 51 mudaria profundamente o funcionamento do Congresso, e a maioria dos senadores é contrária a essa iniciativa.

O último "shutdown" se remonta a 2013, durante a administração do presidente democrata Barack Obama, e durou 16 dias.