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Erdogan ameaça ampliar ofensiva para outras cidades sírias

26/01/2018 10h13

Ancara, 26 Jan 2018 (AFP) - O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou nesta sexta-feira (26) estender a ofensiva no enclave de Afrin para outras cidades do norte da Síria para eliminar a presença de uma milícia curda considera por ele como "terrorista".

No sétimo dia de operações, em pronunciamento transmitido pela televisão, Erdogan prometeu "limpar" Manbij, localidade a algumas centenas de quilômetros do leste de Afrin, e "não deixar nenhum terrorista até a fronteira iraquiana".

Após a ofensiva de Afrin, batizada de "Ramo de Oliveira", "limparemos Manbij dos terroristas", garantiu Erdogan, no sétimo dia da operação realizada pelo Exército turco e pelos rebeldes sírios pró-Ancara nesse território curdo na Síria.

O objetivo da operação é expulsar de Afrin a milícia curda as Unidades de Proteção do Povo (YPG), considerada "terrorista" por Ancara, mas aliada dos Estados Unidos na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Enquanto os rebeldes sírios apoiados por Ancara tentam desde sábado pressionar as linhas curdas com a ajuda da aviação e artilharia turcas, a administração semi-autônoma de Afrin pediu na quinta-feira que o regime de Damasco atue para impedir esses ataques.

A operação turca reforçou as tensões entre Ancara e Washington, enquanto as declarações de Erdogan correm o risco de alimentar o fogo.

"Depois, continuaremos nossa luta até que não reste nenhum terrorista até a fronteira iraquiana", acrescentou Erdogan.

Essas declarações marcam um endurecimento no discurso oficial na Turquia. Até então, Ancara concentrava sua luta contra a presença das YPG ao oeste do Eufrates, onde estão Afrin e Manbij. Agora, porém, parece determinada a agir também ao leste do rio, na direção da fronteira iraquiana.

Além de Manbij, as forças americanas estão presentes ao lado das YPG em várias regiões ao leste do Eufrates.

Em conversa por telefone na quarta-feira (24), o presidente americano, Donald Trump, teria dito a Erdogan para evitar "qualquer ação que possa provocar um confronto entre as forças turcas e americanas".

"Alguns nos pedem com insistência para que façamos o necessário para que esta operação seja curta (...) Esperem. Começou há sete dias. Quanto tempo durou o Afeganistão? Quanto tempo durou o Iraque?", rebateu Erdogan nesta sexta.

Reiterando suas críticas ao apoio - especialmente logístico - dos Estados Unidos às YPG, o presidente turco declarou: "os terroristas passeiam pela região com bandeiras americanas".

Com as ameaças de Erdogan contra Manbij, "uma confrontação militar direta entre o Exército turco e as forças americanas é possível", alerta Anthony Skinner, analista do escritório de consultoria Verisk Maplecroft, para quem as relações Ancara e Washington estão "à beira do precipício".

Os curdos da Síria, marginalizados há tempos no país, aproveitaram a retirada das forças de Damasco do norte no início do conflito, em 2011, para estabelecer sua autonomia a partir de 2012.

Além disso, em favor de sua aliança com os Estados Unidos, os combatentes curdos expandiram seus territórios, para o desespero da Turquia, que os vê como uma ameaça à sua segurança.

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