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Maduro tem caminho livre após exclusão de aliança opositora da eleição presidencial

26/01/2018 06h05

Caracas, 26 Jan 2018 (AFP) - A coalizão opositora da Venezuela, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), foi excluída na quinta-feira pela justiça da próxima eleição presidencial, o que deixa o caminho livre para uma reeleição de Nicolás Maduro.

"SE ORDENA ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a exclusão 'MESA DA UNIDADE DEMOCRÁTICA' (MUD)" em um no processo de renovação ao qual estavam convocados a aliança opositora e os principais partidos políticos que a integram", afirma a sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).

O TSJ - acusado pela oposição de estar a serviço de Maduro - autorizou o Poder Eleitoral a adiar em seis meses um processo de reinscrição de organizações políticas, incluindo a MUD e os principais partidos de oposição, previsto para o próximo fim de semana.

Na lista estão os partidos Primeiro Justiça, do ex-candidato presidencial Henrique Capriles, Vontade Popular, do líder opositor Leopoldo López, atualmente em prisão domiciliar, e Ação Democrática, do ex-presidente do Congresso Henry Ramos Allup.

A medida foi anunciada depois que os partidos se recusaram a apresentar candidatos nas eleições municipais de 10 de dezembro. Os opositores denunciaram fraudes nas votações para governadores de 15 de outubro. Os dois pleitos foram vencidos pelo chavismo.

Os partidos opositores deveriam levar ao CNE as assinaturas de pessoas que representem 0,5% dos inscritos no Registro Eleitoral em pelo menos 12 dos 24 estados do país. Quase 19 milhões de pessoas estão registradas para votar em toda Venezuela.

A governista Assembleia Constituinte, incentivada por Maduro e que atua desde agosto como poder absoluto no país, antecipou a eleição presidencial, geralmente organizada em dezembro, para 30 de abril no mais tardar.

"O TSJ está anulando a cédula da MUD, a mais votada na história do país", afirmou à AFP o analista eleitoral Eugenio Martínez, em uma referência ao triunfo opositor nas legislativas de dezembro de 2015.

Maduro iniciou a campanha para a reeleição na quarta-feira, apesar da profunda crise no país, com uma inflação prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em estratosféricos 13.000% para 2018 e uma grave escassez de alimentos e remédios

"Vamos ganhar as eleições presidenciais e vamos varrer", afirmou Maduro durante um evento com trabalhadores. Ele tem como meta obter 10 milhões de votos.

Analistas e líderes opositores alertavam para a possível antecipação da disputa presidencial, alegando que o governo tentaria aproveitar as divisões registradas na MUD nos últimos meses.

Setores da oposição consideram os diálogos iniciados pela aliança com o governo de Maduro, na República Dominicana, como uma "traição" após os protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho do ano passado.

Também afirmam que a "via eleitoral" para solucionar a grave crise política e econômica venezuelana é prejudicada por um sistema de votação "fraudulento". O governo alega que o sistema é "o mais seguro do mundo".