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Turquia retoma bombardeios contra a milícia curda na Síria

28/01/2018 11h16

Hassa, Turquia, 28 Jan 2018 (AFP) - A Turquia retomou neste domingo os bombardeios para tentar quebrar as linhas das milícias curdas sírias, aliadas dos Estados Unidos, após a exigência de retirada de uma cidade do norte da Síria.

A Força Aérea e a artilharia turcas bombardearam na manhã deste domingo a colina Barsaya, na região de Afrin (noroeste da Síria), informou a agência estatal Anadolu.

As forças turcas iniciaram uma ofensiva nesta região em 20 de janeiro contra as Unidades de Proteção Popular (YPG), milícia curda aliada à coalizão antijihadista liderada por Washington, que Ancara considera um grupo "terrorista".

Apesar da tensão crescente entre Turquia e Estados Unidos, aliados na Otan, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse estar decidido a prosseguir com a ofensiva e inclusive ampliá-la para o leste, em particular até Manbij, para onde Washington enviou militares.

O agravamento da situação levou as autoridades da região curda semiautônoma da Síria a anunciar neste domingo que não participarão da reunião para tentar solucionar o conflito, prevista para terça-feira em Sochi (Rússia).

No campo de batalha, os bombardeios eram intensos neste domingo.

"Os combates são muito violentos no monte Barsaya (...), estratégico, já que domina Azaz, do lado sírio, e Kilis, do lado turco", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Há pouco conversei com um comandante. Me disse: 'Com a ajuda de Deus, a colina de Barsaya cairá em breve'", declarou Erdogan em um discurso em Corum (norte).

Os soldados turcos e seus aliados árabes sírios afirmaram na segunda-feira que assumiram o controle da colina, após combates violentos, mas poucas horas depois perderam o controle da área.

A oposição entre Washington e Ancara sobre as YPG envenena há mais de um ano as relações diplomáticas. A Turquia critica o apoio dos Estados Unidos a este grupo vinculado ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), em guerra com Ancara em território turco.

A operação turca na Síria aumenta a tensão. Erdogan, ignorando o pedido americano de "moderação", prometeu ampliar a ofensiva.

No sábado, o chanceler turco, Mevlüt Cavusoglu, exigiu que Washington retire suas tropas mobilizadas em Manbij, cidade que fica 100 quilômetros ao leste de Afrin.

Depois de Afrin "limparemos Manbij", afirmou neste domingo o porta-voz do governo turco, Bekir Bozdag, citado pela agência Anadolu.

Diante da ofensiva turca, o Partido da União Democrática (PYD), braço político das YPG, pediu no sábado à comunidade internacional e às forças nacionais sírias que pressionem para que Ancara interrompa a ofensiva.

Desde 20 de janeiro, cinco soldados turcos morreram, segundo o Estado-Maior turco. Quase 40 ficaram feridos.

Segundo o OSDH, 69 rebeldes apoiados por Ancara e 66 combatentes kurdos morreram nos confrontos.

O OSDH indicou ainda que 44 civis morreram, em sua maioria em bombardeios turcos. Ancara nega bombardeios contra a população.

A intervenção turca em Afrin foi precipitada após o anúncio de Washington para criar uma "força fronteiriça" de 30.000 homens, incluindo as milícias das YPG.

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