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Premiê britânica pede acordo 'urgente' sobre segurança com UE pós-Brexit

17/02/2018 11h19

Munique, Alemanha, 17 Fev 2018 (AFP) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, insistiu neste sábado (17) na "urgência" de se negociar uma cooperação de segurança privilegiada entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) após o Brexit, alertando que, sem isso, a segurança dos europeus ficará "em perigo".

"Esta não é uma época, na qual possamos permitir que nossa cooperação se veja inibida, que a segurança dos nossos cidadãos seja posta em perigo por uma competição entre sócios, rigidez institucional e ideologias arraigadas", advertiu durante a Conferência de Munique sobre Segurança.

Para May, europeus e britânicos "não podem adiar essa discussão" e devem "urgentemente elaborar um tratado para proteger todos os cidadãos europeus".

Esse acordo deve estabelecer mecanismos para organizar o respeito da soberania de cada país e prever que as jurisdições europeias sejam competentes em alguns casos, e as britânicas, em outros, detalhou a premiê.

"Devemos fazer o que for mais útil, mais pragmático para garantir nossa segurança coletiva", acrescentou.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, que falou antes de May, tentou se mostrar conciliador, apontando que o Reino Unido, "durante décadas, contribuiu para as capacidades, tradições e pensamento da União Europeia".

"Devemos tentar manter relações tão estreitas e produtivas quanto possível após o Brexit", defendeu.

"O Reino Unido abandona a UE, mas não abandona a Europa, nem a ordem liberal ocidental", insistiu.

No passado, May foi criticada por parecer que queria vincular a cooperação em matéria de segurança - terreno no qual Londres tem um papel crucial na Europa - a um acordo comercial privilegiado com a UE.

As negociações entre britânicos e europeus parecem em ponto morto atualmente. O Reino Unido ainda não definiu sua postura sobre as futuras relações comerciais e tampouco está de acordo sobre as modalidades do período de transição reivindicadas para depois do Brexit. No cronograma atual, a conclusão da saída está prevista para 29 de março de 2019.

- 'Criatividade real' -Segundo May, manter uma associação estreita entre a UE e o Reino Unido pós-Brexit seria uma ambiciosa decisão, sem precedentes.

"Já existem em outros terrenos, como comércio, relações estratégicas entre a UE e outros países", afirmou.

"E não há qualquer razão jurídica, ou operacional que impeça um acordo em matéria de segurança interna", completou.

A premiê ressaltou que o fim da participação britânica nos mandados europeus de detenção, ou na Europol, prejudicaria muito a eficácia da luta europeia contra o terrorismo, o crime organizado e a cibercriminalidade.

May pediu que as lideranças de ambos os lados mostrem "vontade política" e "criatividade real".

Por último, prometeu que Londres respeitará todas as sanções internacionais adotadas quando era membro da UE e poderá continuar, se for necessário, participando de operações europeias no exterior.

Na sexta-feira (16), os diretores dos serviços de Inteligência Estrangeira britânicos (MI6), franceses (DGSE) e alemães (BND) se manifestaram em conjunto - o que é incomum - para garantir que o Brexit não prejudicará sua cooperação.

"Mesmo depois da saída do Reino Unido da UE deve-se manter uma estreita cooperação e continuar compartilhando informação entre os Estados em questões de terrorismo internacional, de imigração clandestina, de proliferação e de ciberataques", afirmaram em um comunicado conjunto divulgado na página on-line do BND, por ocasião da Conferência de Munique.

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