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Brasil e Colômbia discutem onda migratória de venezuelanos em suas fronteiras

21/02/2018 16h19

Brasília, 21 Fev 2018 (AFP) - Os ministros das Relações Exteriores do Brasil e da Colômbia discutiram nesta quarta-feira (21) em Brasília as estratégias de cooperação para enfrentar a chegada maciça em suas fronteiras de venezuelanos que fogem da crise alimentar e de saúde que atinge seu país.

"O objetivo é manter as portas abertas. Ajudar os venezuelanos que estão migrando em circunstâncias difíceis", declarou María Ángela Holguín, chanceler da Colômbia, que se encontrará com o presidente Michel Temer.

"Estamos vendo venezuelanos em situação de fome, em uma situação de saúde complexa, com muitos problemas. Isso gera um grande desafio para nossos países", acrescentou em um comunicado à imprensa.

O encontro incluiu ministros das áreas da Defesa, Justiça e Segurança e serviu para trocar experiências do fenômeno da migração forçada que já levou mais de meio milhão de venezuelanos a se instalarem na Colômbia e outros 40 mil em Roraima.

"Além da cooperação transfronteiriça permanente entre o Brasil e a Colômbia, temos uma emergência: um surto muito volumoso de migração forçada de venezuelanos em nossos países", apontou o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, após a reunião.

A Venezuela, potência petrolífera regional, enfrenta uma severa crise financeira e política que isolou o presidente Nicolás Maduro, cujo governo é rotulado de "ditadura" pelos Estados Unidos e pela Colômbia.

A situação no país tornou-se uma questão sensível para a agenda regional. Recentemente, o Grupo de Lima, que reúne 14 nações americanas, pediu a Caracas que habilite "um corredor humanitário" para ajudar a aliviar a escassez de bens e serviços vitais.

Neste contexto, o alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, Filippo Grandi, pediu na terça-feira que os países da região mantenham suas portas abertas: "É uma contribuição para a estabilidade regional e global", ressaltou durante um evento na capital brasileira.

A Venezuela realizará eleições presidenciais no dia 22 de abril, uma votação que a oposição pretende boicotar porque considera que não há garantias para que ocorra de maneira justa e livre.

"Nossa esperança é que a Venezuela encontre, por meio de soluções próprias, paz e democracia com um pronunciamento livre do povo nas eleições", disse Nunes ao final de seu discurso.