Topo

Professores e alunos de escola da Flórida se preparam para o golpe emocional do retorno

25/02/2018 18h12

Washington, 25 Fev 2018 (AFP) - Estudantes e professores se preparam neste domingo (25) para retornar à escola de Parkland, na Flórida, cenário de um massacre que deixou 17 mortos, um momento que consideram "assustador", enquanto pedem aos políticos que enfrentem a questão da violência armada.

"Imagina que você estava em um acidente de avião e tem que embarcar no avião todos os dias e ir para algum lugar", afirmou ao programa "This Week" do canal ABC David Hogg, um dos sobreviventes do tiroteio de 14 de fevereiro na escola do Ensino Médio de Parkland.

"Não posso imaginar, emocionalmente, o que eu e meus colegas vamos passar durante o dia", completou.

Alguns alunos e professores retornarão à escola neste domingo para uma sessão de "orientação". Os demais professores e funcionários retornarão na segunda em tempo integral para preparar o retorno das aulas na quarta-feira.

Dezessete pessoas morreram vítimas dos tiros de um fuzil AR-15 usado por Nikolas Cruz, de 19 anos.

Uma das professoras contou à rádio NPR que o choque de voltar à sala de aula que estava do mesmo jeito do dia do ataque, com os cadernos nas mesas e o calendário ainda marcando 14 de fevereiro, foi tão intenso que ela deixou o local.

Delaney Tarr, outra jovem sobrevivente do massacre, afirmou neste domingo, também ao canal Fox, que se prepara para o retorno.

"É assustador, porque não sei se vou estar segura lá. Mas eu sei que tenho que ir", resignou-se.

- NRA culpa autoridades -Diante das demandas dos estudantes para a adoção de medidas de controle para o porte de armas, o presidente americano, Donald Trump, defendeu na sexta-feira em Washington sua proposta de armar alguns professores, enquanto o governador da Flórida, Rick Scott, anunciou um plano de ação contra os tiroteios nas escolas que inclui a presença de oficiais armados em centros de ensino.

Em uma entrevista ao programa "Fox News Sunday", Scott, membro da National Rifle Association (NRA), afirmou que sabe que "provavelmente teremos algumas divergências. Mas quero que meu estado esteja a salvo".

A porta-voz da NRA, Dana Loesch, disse à rede ABC neste domingo que as autoridades locais já haviam sido alertadas em várias ocasiões nos últimos meses do risco que Cruz representava e que o policial que deveria proteger os alunos não interveio no dia da tragédia.

Loesch acusou o gabinete do xerife local de "descumprimento da responsabilidade" por não ter prendido Cruz antes.

Ao ser perguntado sobre essa questão na emissora CNN, o xerife Scott Israel defendeu o trabalho de seus colegas, indicando que, das 23 chamadas que a Polícia recebeu sobre o comportamento errático, ou ameaçador de Cruz, quase todas foram tratadas corretamente. Outras foram alvo de uma investigação interna.

Já a presidente da Federação Americana de Professores, Randi Weingarten, classificou a proposta de Trump de armar os professores de "uma ideia muito ruim e ponto".

Os alunos, seus pais e os professores "querem que as escolas sejam santuários de segurança para o ensino e o aprendizado, não fortalezas armadas", frisou.