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Direita italiana busca mostrar união antes de eleições

01/03/2018 12h02

Roma, 1 Mar 2018 (AFP) - A coalizão de direita e extrema-direita, que lidera a corrida para as eleições legislativas de domingo na Itália, realiza nesta quinta-feira sua primeira e última reunião pública conjunta para tentar fazer esquecer suas muitas divergências internas.

Silvio Berlusconi, líder do Forza Italia (FI, centro-direita), Matteo Salvini, chefe do Liga (extrema-direita) e Giorgia Meloni, líder da Fratelli d'Italia (FdI, extrema-direita), nunca apareceram em público juntos durante toda a campanha.

Depois de se convidarem mutuamente sem sucesso aos seus respectivos comícios, finalmente se encontrarão para uma coletiva de imprensa conjunta na parte da tarde, no centro de Roma, longe das multidões, mas também das bandeiras partidárias.

Se o desafio comum da coalizão continuar a ser o de obter a maioria absoluta em ambas as casas do Parlamento - um desafio em razão do sistema eleitoral italiano que combina votação proporcional e majoritária - os diferentes partidos também são concorrentes.

FI e Liga, à frente nas pesquisas, procuram vencer para poder reivindicar o cargo de chefe de Governo, enquanto o FdI, que defende um nacionalismo menos federalista do que o Liga, também busca se afirmar no nicho anti-euro e anti-migrantes.

Desde o início da campanha, o casamento de conveniência revelou suas fissuras internas entre a linha 'moderada' e pró-europeia de Berlusconi e a linha muito mais à direita e anti-Bruxelas de Salvini e Meloni, que estiveram na quarta-feira em Budapeste para discutir com o primeiro-ministro ultra-conservador Viktor Orban.

Seja sobre o euro, o projeto europeu, o fisco ou ainda a reforma previdenciária, cada líder tem seu próprio ponto de vista. A mais recente divergência diz respeito aos laços com o movimento neofascista CasaPound, que expressou seu apoio a um eventual governo liderado por Matteo Salvini.

Este último se disse "pronto a se reunir com todos" os líder políticos do país, enquanto Berlusconi assegurou que a coalizão "não tem nada a ver com CasaPound e seu programa".

- Menor denominador comum -Obrigados a unir forças pela nova lei eleitoral que favorece as coalizões, os partidos de direita e de extrema-direita conseguiram encontrar o menor denominador comum através de um programa com contornos muito vagos.

Eles defendem, entre outras coisas, a introdução de um imposto fixo, o bloqueio da chegada de imigrantes e a repatriação de centenas de milhares de imigrantes ilegais ou ainda a reforma do sistema previdenciário.

De acordo com o Observatório Italiano de Contas Públicas da Universidade Cattolica, essas promessas eleitorais custariam cerca de 136 bilhões de euros, enquanto o economista Roberto Perotti da Universidade Bocconi calcula entre 171 a 310 bilhões.

Enquanto os líderes da coalizão de direita vão se apresentar unidos nesta quinta-feira pela primeira vez, e a última oportunidade na campanha eleitoral, o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista) apresentará a equipe de governo que alinharia se o movimento sair vitorioso das urnas.

Mas as chances de ver esse governo virtual realmente assumir o controle do país parecem pequenas, o M5S não parece capaz de obter a maioria absoluta dos votos sozinho. Em caso de maioria relativa, ele teria que lidar com o demais partidos, o que até agora se recusou a fazer.

"Estamos em meio a um festival surreal de propostas milagrosas e, pela primeira vez, há um governo sombrio que se apresenta mesmo antes da votação", disse Paolo Gentiloni, chefe do Governo italiano e membro do Partido Democrata (PD, centro-esquerda).

E enquanto a campanha foi marcada por confrontos regulares entre as forças de ordem e militantes de extrema-esquerda protestando contra os comícios da extrema-direita, a tensão voltará a aumentar em Roma na tarde desta quinta-feira, com a possível intervenção de contra-manifestantes à margem da reunião de encerramento da CasaPound.