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Em campanha, Putin destaca força militar como poderoso ativo

01/03/2018 11h06

Moscou, 1 Mar 2018 (AFP) - A duas semanas de uma eleição presidencial dada como certa, o presidente Vladimir Putin prometeu aos russos melhorar seu nível de vida e elogiou amplamente as novas capacidades militares do país, referindo-se aos novos armamentos de alta tecnologia do Exército.

Em seu discurso anual ao Parlamento, a expectativa era que o presidente apresentasse as prioridades - sobretudo, nas áreas social e econômica - para o próximo mandato, o qual poderá levá-lo até 2024.

Depois de prometer adotar medidas de luta contra o câncer, melhorias na rede rodoviária, ou criar creches, Putin enumerou por quase uma hora (cerca de metade do tempo de seu pronunciamento) as últimas armas "invencíveis" da Rússia. Suas palavras tiveram como suporte imagens de computação gráfica, infografias e vídeos.

Apresentando novos tipos de mísseis de cruzeiro com "capacidade ilimitada", minissubmarinos de propulsão nuclear, ou mesmo uma arma a laser, "sobre a qual ainda é muito cedo para dar detalhes", o presidente criticou a postura dos ocidentais em relação à Rússia.

"Ninguém queria falar com a gente. Ninguém queria nos ouvir. Ouçam-nos agora!", lançou, sendo ovacionado de pé pelos parlamentares reunidos em um prédio histórico perto do Kremlin.

Ele destacou os avanços feitos, apesar das sanções ocidentais impostas em função da crise ucraniana e que são voltadas, em especial, para o setor da defesa.

"O que vocês tentaram para incomodar, impedir, atrapalhar a Rússia não conseguiram. Todos os trabalhos de reforço da capacidade ofensiva da Rússia foram e são realizados", frisou.

O presidente disse que os esforços da Rússia são uma "resposta" à atividade militar americana, cuja nova postura nuclear foi denunciada por Moscou como "belicosa" e "antirussa".

A Rússia "não ameaça ninguém", "não tem nenhum plano de usar esse potencial de maneira ofensiva", garantiu.

O discurso militarista vem com mais força à tona no momento em que as relações entre Rússia e Ocidente se encontram em seu nível mais baixo desde o fim da Guerra Fria, tendo como pano de fundo as divergências persistentes sobre Ucrânia e Síria, além das acusações de ingerência em diferentes processos eleitorais no exterior - incluindo nos Estados Unidos.

- 'Bem-estar' -No comando do país há mais de 18 anos, Putin é candidato para um quarto mandato de seis anos na eleição presidencial de 18 de março próximo. Sua vitória deve acontecer com folga na ausência de seu principal oponente, Alexei Navalny.

Apesar das promessas de campanha por ocasião de sua volta ao Kremlin em 2012 após quatro anos como premiê, seu último mandato foi marcado por uma queda no nível de vida e pelo aumento da pobreza. Entre 2014 e 2016, a queda do petróleo e as sanções ocidentais fizeram os preços dispararem no país, pressionando o mercado interno.

Além de ostentar as novas capacidades militares, Putin prometeu melhorar a situação dos russos e fazer cair o nível de pobreza "inaceitável" pela metade nos próximos seis anos - duração do mandato, cuja vitória ele dá como certa em 18 de março na ausência de uma oposição real.

O presidente destacou que o número de pessoas que enfrentam a pobreza no país caiu de 42 milhões, em 2000, para os cerca de 20 milhões atuais. Se comparado com o último mandato de Putin (2012-2018), marcado por uma recessão econômica, esse número aumentou.

Nesse sentido, Putin insistiu na necessidade de melhorar o "bem-estar" da população e de se investir em infraestrutura e na saúde para evitar que a Rússia mergulhe no "atraso", o que constitui - segundo ele - o "principal inimigo" nacional.

"Os próximos anos serão decisivos para a vida do país", declarou o presidente, ressaltando a importância dos avanços tecnológicos para que a Rússia, com um "potencial colossal" nessa área, não fique no meio do caminho da "revolução tecnológica".

bur-pop/gmo/lch/tt