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Trump pressiona UE para que reduza barreiras a produtos dos EUA

11/03/2018 07h34

Washington, 11 Mar 2018 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu neste sábado a União Europeia (UE) que reduza as barreiras comerciais aos produtos americanos, se quiser ficar isenta das tarifas que seu governo acaba de impor sobre as importações de aço e alumínio.

Trump lançou esta advertência no Twitter horas depois de uma reunião infrutífera sobre o tema em Bruxelas entre o representante americano do Comércio, Robert Lighthizer, e a Comissão Europeia.

"A União Europeia, países maravilhosos que tratam muito mal os Estados Unidos em termos de comércio, está se queixando das tarifas sobre o aço e o alumínio", tuitou Trump.

"Se eles baixarem suas horríveis barreiras e tarifas sobre os produtos americanos que entram (no bloco), nós também baixaremos as nossas. Grande déficit. Se não, imporemos taxas a carros, etc. É JUSTO!", acrescentou.

Mais tarde, durante um comício na Pensilvânia, importante produtor de aço, Trump defendeu sua decisão e a atribuiu à qualidade do aço importado.

"Não é um bom aço, vocês sabem ao qu me refiro. É uma porcaria", disse.

Também afirmou que sua decisão ajudará o desenvolvimento econômico desta região.

"Muitas siderúrgicas estão abrindo agora pelo que fiz. O aço está de volta, o alumínio está de volta", disse.

Os europeus expressaram no sábado sua decepção a Lighthizer, que viajou a Bruxelas para uma reunião já prevista com a comissária europeia do ramo, Cecilia Malmstrom, e o ministro japonês da Economia, Hiroshige Seko.

Assim como a UE, o Japão exige isenção das taxas anunciadas na última quinta-feira por Trump, de 25% sobre a importação de aço e 10% sobre a de alumínio.

As tarifas não serão aplicadas inicialmente a Canadá e México, e Trump também incluiu a Austrália na lista dos possíveis países isentos.

"Foi uma discussão franca, mas não obtivemos clareza imediata sobre o procedimento para ficarmos isentos, e as negociações continuarão na próxima semana", anunciou Malmstrom.

"Somos um aliado próximo e um sócio comercial dos Estados Unidos, e, como tal, a União Europeia deve ser excluída das medidas anunciadas pelo presidente Trump", insistiu Malmstrom.

O encontro também abordou a cooperação entre os três parceiros para lutar contra o dumping e os problemas envolvendo a sobrecapacidade no setor siderúrgico. A delegação europeia considerou que houve bons resultados nesta parte da reunião, e espera que Trump leve em conta seus esforços.

Embora nem europeus, nem japoneses esperassem uma decisão hoje, quiseram aproveitar para pressionar os americanos.

O presidente francês, Emmanuel Macron, advertiu Trump nesta sexta-feira sobre as consequências de sua decisão.

"Tais medidas contra países aliados, que respeitam as regras do comércio mundial, não seriam eficazes para lutar contra as práticas desleais", afirmou.

"A Europa responderá de forma clara e proporcional a qualquer prática infundada e contrária às regras do comércio mundial", completou.

- Contramedidas europeias -A UE prepara represálias caso Trump mantenha sua intenção de sancionar seus produtos siderúrgicos.

A mais imediata, que seria aplicável em três meses, consistiria em impor fortes tarifas a alguns produtos muito representativos dos Estados Unidos, como as calças jeans, as motos de grande cilindrada e a manteiga de amendoim.

A estratégia do Executivo da UE também passa por adotar medidas de salvaguarda, para proteger a indústria europeia de um eventual desvio das exportações de terceiros países apontados por Washington, e por uma demanda na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A Europa exportou 5,3 bilhões de euros em aço e 1,1 bilhão de euros em alumínio para os Estados Unidos em 2017.

"Não podemos aceitar que a administração americana divida a UE", advertiu o vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, apelando explicitamente aos britânicos, em plenas negociações do Brexit.

Katainen lembrou que o "Reino Unido continua sendo membro da União Europeia e que isso lhe impõe obrigações".

Aliados e rivais dos Estados Unidos criticam desde quinta-feira uma guinada protecionista de Washington e um ataque ao livre comércio.

A Alemanha, um dos maiores exportadores mundiais e apontada diretamente por Trump, foi especialmente dura, denunciando uma "afronta" aos aliados de Washington.

O ministério chinês do Comércio denunciou um "abuso" e o chefe de sua diplomacia, Wang Yi, prometeu uma "resposta apropriada" em caso de guerra comercial com Washington.

China, um país que está muito longe de ser o maior produtor mundial de aço, é mencionado habitualmente como origem da sobrecapacidade do setor, pelas imensas subvenções que concede.

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