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Indígenas marcham em Brasília por demarcação de terras

26/04/2018 18h08

Brasília, 26 Abr 2018 (AFP) -









Usando trajes tradicionais e segurando cartazes, cerca de 2.000 indígenas de várias etnias marcharam nesta quinta-feira (26) em Brasília para reivindicar a demarcação de suas terras ancestrais e em protesto contra a violência histórica sofrida por seus povos.

A marcha saiu do Acampamento Terra Livre, onde 3.500 representantes de 100 povos originários - segundo balanço dos organizadores - participam de uma semana de mobilizações para lutar por seus direitos.

De lá, os manifestantes foram até a Esplanada dos Ministérios, chegando a fechar parte do trânsito da capital.

Durante o percurso, os ativistas pintaram de vermelho uma das pistas para chamar a atenção para a violência sofrida por suas comunidades. Em frente ao Ministério da Justiça, estenderam uma enorme bandeira vermelha onde era possível ler: "Chega de genocídio indígena - Demarcação Já!".

"Este rastro de 'sangue' é um marco que deixamos aqui na Esplanada e representa toda a violência imposta pelo Estado aos povos originários deste país na morosidade da demarcação das nossas terras, dentre outros ataques", denunciou o cacique Marcos Xukuru, que saiu de Pernambuco.











"Diversos assassinatos têm ocorrido país afora, além de um cruel processo de criminalização das lideranças", continuou.

Os protestos acontecem em um contexto político considerado hostil pelas lideranças indígenas, que acusam o governo de Michel Temer de se negar a demarcar os territórios e de favorecer os ruralistas, representados por uma forte bancada no Congresso.

Até o momento, as mobilizações ao redor do 15º Acampamento Terra Livre, que se encerrarão na sexta-feira, têm sido mais tranquilas do que as de 2017, quando centenas de indígenas entraram em confronto com a polícia após tentarem entrar no Congresso com réplicas de caixões em homenagem a seus companheiros mortos em conflitos com os ruralistas.