O centro de testes nucleares a ser desmontado por Pyongyang
Seul, 23 Mai 2018 (AFP) - A promessa do líder norte-coreano, Kim Jong-un, de desmantelar o único centro conhecido de testes nucleares da Coreia do Norte põe as atenções sobre Punggye-ri, uma instalação secreta na fronteira com a China.
Essa instalação subterrânea foi palco de seis testes nucleares realizados por Pyongyang, incluindo o último de setembro.
A Coreia do Norte anunciou que detonaria os túneis de acesso diante de jornalistas estrangeiros entre quarta e sexta-feiras.
Esse desmantelamento busca ser um gesto de boa vontade antes da histórica cúpula entre Kim e o presidente americano, Donald Trump, prevista, em tese, para acontecer em 12 de junho, em Cingapura.
- Um contexto ideal -O lugar está escavado profundamente debaixo de uma montanha granítica de 2.000 metros de altitude em Hamqyong do Norte, província do nordeste fronteiriça com a China. É considerado ideal para resistir às forças deflagradas pelas explosões nucleares.
Sua existência foi descoberta em 2006, após o primeiro teste nuclear norte-coreano, na época de Kim Jong-il, o falecido pai de Kim Jong-un. Desde então, é vigiado por câmeras de satélite.
Os túneis que penetram no lugar por várias direções são visíveis. O primeiro teste foi realizado no túnel oriental, o segundo e o terceiro, no túnel ocidental, e o restante, no túnel setentrional, segundo autoridades dos serviços secretos.
- Forte explosão -Os testes realizados neste lugar demonstraram os rápidos progressos do programa nuclear norte-coreano, especialmente desde a chegada do jovem Kim ao poder em 2011, que supervisionou quatro testes atômicos.
O primeiro teste, considerado um fracasso, liberou uma potência de apenas um quiloton (1.000 toneladas), muito baixa em comparação com os 250 quilotons liberados no sexto ensaio, realizado em 3 de setembro de 2017, o que supõe mais de 16 vezes a potência da bomba atômica americana que arrasou Hiroshima em 1945.
Mas a proximidade de Punggye-ri com a China gerou preocupação em Pequim. O sexto teste provocou um sismo sentido do outro lado da fronteira, deflagrando o pânico entre muitos chineses.
- Segurança do local -Os testes geraram crescentes temores sobre a segurança desse sítio, com advertências de cientistas chineses contra uma grande ameaça radioativa para toda região.
Um recente estudo da Universidade de Ciência e Tecnologia da China disse que o último teste teria provocado um desabamento de rochas no monte Mantap, sob o qual são realizados testes.
Citado por Seul, Kim descartou a ideia de que o lugar fique fora do serviço, fazendo referência a "dois túneis adicionais ainda maiores" e "em bom estado".
- De cara para a galeria? -Alguns especialistas afirmam que Pyongyang já aprendeu tudo o que precisava aprender com esses testes nucleares realizados no lugar.
"Já reuniram os dados necessários durante seis testes nucleares e, a menos que destruam esses dados, existem dúvidas sobre a importância de desmantelar um centro de testes nucleares que já tem tempo", explica Go Myong-hyun, do Instituto Asan de Estudos Políticos.
Mas, para Jeffrey Lewis, do Instituto Middlebury de Estudos Estratégicos, não há provas de que Punggye-ri não sirva mais. Para ele, este desmantelamento não consiste em "se desfazer de um sítio danificado".
- Medo da radiação -O Norte afirma, há tempos, que seus testes não ameaçam o meio ambiente e não representam "nenhum vazamento radioativo".
Citando desertores e pesquisadores norte-coreanos, jornais sul-coreanos e japoneses informaram, porém, de casos de exposição à radioatividade entre os trabalhadores do lugar, ou moradores próximos, com casos de câncer e de nascimentos de bebês com má-formação.
Essas preocupações convenceram o ministro sul-coreano da Unificação a realizar no ano passado exames médicos em 30 norte-coreanos desertores e chegados da região potencialmente afetada por essa radioatividade.
Quatro deles, provenientes do condado de Kilju, que engloba Punggye-ri, mostraram sintomas que podem ser atribuídos a uma exposição às radiações. Os pesquisadores participantes no estudo consideraram, porém, que não poderiam tirar nenhuma conclusão para vincular esses problemas de saúde com um teste nuclear.
jhw/lch-jac/gh/age/tt
Essa instalação subterrânea foi palco de seis testes nucleares realizados por Pyongyang, incluindo o último de setembro.
A Coreia do Norte anunciou que detonaria os túneis de acesso diante de jornalistas estrangeiros entre quarta e sexta-feiras.
Esse desmantelamento busca ser um gesto de boa vontade antes da histórica cúpula entre Kim e o presidente americano, Donald Trump, prevista, em tese, para acontecer em 12 de junho, em Cingapura.
- Um contexto ideal -O lugar está escavado profundamente debaixo de uma montanha granítica de 2.000 metros de altitude em Hamqyong do Norte, província do nordeste fronteiriça com a China. É considerado ideal para resistir às forças deflagradas pelas explosões nucleares.
Sua existência foi descoberta em 2006, após o primeiro teste nuclear norte-coreano, na época de Kim Jong-il, o falecido pai de Kim Jong-un. Desde então, é vigiado por câmeras de satélite.
Os túneis que penetram no lugar por várias direções são visíveis. O primeiro teste foi realizado no túnel oriental, o segundo e o terceiro, no túnel ocidental, e o restante, no túnel setentrional, segundo autoridades dos serviços secretos.
- Forte explosão -Os testes realizados neste lugar demonstraram os rápidos progressos do programa nuclear norte-coreano, especialmente desde a chegada do jovem Kim ao poder em 2011, que supervisionou quatro testes atômicos.
O primeiro teste, considerado um fracasso, liberou uma potência de apenas um quiloton (1.000 toneladas), muito baixa em comparação com os 250 quilotons liberados no sexto ensaio, realizado em 3 de setembro de 2017, o que supõe mais de 16 vezes a potência da bomba atômica americana que arrasou Hiroshima em 1945.
Mas a proximidade de Punggye-ri com a China gerou preocupação em Pequim. O sexto teste provocou um sismo sentido do outro lado da fronteira, deflagrando o pânico entre muitos chineses.
- Segurança do local -Os testes geraram crescentes temores sobre a segurança desse sítio, com advertências de cientistas chineses contra uma grande ameaça radioativa para toda região.
Um recente estudo da Universidade de Ciência e Tecnologia da China disse que o último teste teria provocado um desabamento de rochas no monte Mantap, sob o qual são realizados testes.
Citado por Seul, Kim descartou a ideia de que o lugar fique fora do serviço, fazendo referência a "dois túneis adicionais ainda maiores" e "em bom estado".
- De cara para a galeria? -Alguns especialistas afirmam que Pyongyang já aprendeu tudo o que precisava aprender com esses testes nucleares realizados no lugar.
"Já reuniram os dados necessários durante seis testes nucleares e, a menos que destruam esses dados, existem dúvidas sobre a importância de desmantelar um centro de testes nucleares que já tem tempo", explica Go Myong-hyun, do Instituto Asan de Estudos Políticos.
Mas, para Jeffrey Lewis, do Instituto Middlebury de Estudos Estratégicos, não há provas de que Punggye-ri não sirva mais. Para ele, este desmantelamento não consiste em "se desfazer de um sítio danificado".
- Medo da radiação -O Norte afirma, há tempos, que seus testes não ameaçam o meio ambiente e não representam "nenhum vazamento radioativo".
Citando desertores e pesquisadores norte-coreanos, jornais sul-coreanos e japoneses informaram, porém, de casos de exposição à radioatividade entre os trabalhadores do lugar, ou moradores próximos, com casos de câncer e de nascimentos de bebês com má-formação.
Essas preocupações convenceram o ministro sul-coreano da Unificação a realizar no ano passado exames médicos em 30 norte-coreanos desertores e chegados da região potencialmente afetada por essa radioatividade.
Quatro deles, provenientes do condado de Kilju, que engloba Punggye-ri, mostraram sintomas que podem ser atribuídos a uma exposição às radiações. Os pesquisadores participantes no estudo consideraram, porém, que não poderiam tirar nenhuma conclusão para vincular esses problemas de saúde com um teste nuclear.
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