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Associação levanta suspeitas de conflito de interesses de Ivanka Trump na China

29/05/2018 15h53

Xangai, 29 Mai 2018 (AFP) - Ivanka Trump, a filha do presidente americano, obteve durante o mês de maio, autorização para registrar várias marcas em seu nome na China, poucos dias antes de seu pai retirar as restrições contra uma empresa do país asiático, segundo documentos oficiais.

As cinco marcas foram registradas em 7 de maio, ou seja, uma semana antes de Donald Trump enviar uma mensagem conciliatória à gigante das telecomunicações ZTE, abalada pelas sanções americanas. A empresa estava no centro das negociações entre Pequim e Washington para evitar uma guerra comercial.

A associação americana anticorrupção Cidadãos pela Responsabilidade e a Ética em Washington (Crew, na sigla em inglês) tornou públicos documentos chineses que oficializavam o registro das marcas. Segundo ela, esses registros "despertam possíveis questionamentos éticos".

Uma sexta marca tinha se beneficiado de um reconhecimento preliminar em 6 de maio, de acordo com a Crew.

As demandas foram apresentadas em março de 2017 e dão à empresa de Ivanka Trump o direito exclusivo de pôr seu nome em seus produtos, desde tapetes de banheiro até roupas, passando por mantas para bebês, afirma a fonte.

Ivanka é conselheira de seu pai, mas continua a se beneficiar das vendas dos produtos de sua empresa - que têm uma grande parcela fabricada na China.

A empresa da filha de Trump tinha mais de dez marcas na China, e há outras solicitações em curso, afirma a Crew.

O governo de Trump impôs uma proibição de vender componentes para a ZTE em meados de abril, que emprega cerca de 80 mil pessoas.

A decisão foi oficialmente uma medida de retaliação, depois que Washington acusou a empresa de ter violado embargos comerciais ao Irã e à Coreia do Norte. A ZTE teve que interromper boa parte de suas atividades e sua sobrevivência foi ameaçada.

Mas, para surpresa geral, em 13 de maio, Trump anunciou no Twitter que estava trabalhando com o presidente chinês Xi Jinping para permitir que a fabricante de celulares retomasse suas atividades.

O presidente dos Estados Unidos denuncia práticas do empresariado chinês que considera "desleais". Este ano, ele aumentou a pressão sobre Pequim, ameaçando impor tarifas de 150 bilhões de dólares sobre produtos importados da China.

A súbita mudança de posição em relação à ZTE foi recebida com perplexidade em Washington. Quando Donald Trump disse que finalmente havia alcançado um acordo para resolver uma disputa com a ZTE, ele provocou a ira de vários membros do Congresso, tanto democratas, quanto republicanos.

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