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Starbucks fecha 8.000 lojas para capacitar funcionários contra racismo

29/05/2018 18h45

Nova York, 29 Mai 2018 (AFP) - Um documentário sobre a história dos negros americanos, uma mensagem gravada por um rapper e o intercâmbio de experiências sobre os preconceitos cotidianos: a rede de cafés Starbucks fechou nesta terça-feira (29) cerca de 8.000 lojas nos Estados Unidos para educar seus funcionários contra o racismo.

Todos os cafés administrados diretamente pela Starbucks deixaram de atender o público às 14H00, informou a rede. Os mais de 5.000 estabelecimentos administrados como franquias em hotéis, aeroportos ou comércios permanecerão abertos.

Esta iniciativa inédita, que envolveu cerca de 175.000 funcionários durante quatro horas, foi anunciada em 17 de abril pelos executivos da Starbucks depois da indignação geral provocada pela detenção de dois jovens negros em um de seus cafés na Filadélfia.

A prisão aconteceu porque os dois pediram para usar o banheiro enquanto esperavam a chegada de um conhecido para depois disso consumir no local.

O incidente foi registrado em vídeo por outro cliente e amplamente difundido nas redes sociais, gerando protestos com a ameaça de boicote à rede, que diz atender cerca de 100 milhões de clientes por semana no mundo todo.

Além de uma sessão de intercâmbio de experiências, os funcionários passarão boa parte do tempo em frente à tela: verão um filme do diretor negro Stanley Nelson sobre a história dos negros e da discriminação em lugares públicos, uma mensagem do rapper Common e mensagens dos altos executivos da Starbucks, Kevin Johnson e Howard Schultz.

Enquanto realizavam a formação, alguns clientes habituais da rede expressaram sua opinião sobre o tema.

"Acho que é uma grande decisão, socialmente responsável, que a Starbucks eduque seus funcionários", disse Mario DeSimone, um financista de 24 anos, em um Starbucks no coração de Manhattan, em Nova York. "Diz muito o fato de a empresa dar esse passo".

"Se for sincero, é mais do que uma operação de comunicação, é algo bom", disse Devon Smith, consumindo em um Starbucks localizado perto da Casa Branca, em Washington.

"Toda a administração da Starbucks assistiu à capacitação na semana passada", disse Schultz à rede CNN na terça-feira. "A ideia é se colocar no lugar das pessoas negras, entender que existe preconceito racial, que há um viés racial inconsciente, e ver o que pode ser feito como uma empresa para criar referências para estabelecer empatia, compaixão e um ambiente acolhedor para todos".

A jornada "educativa" aconteceu no mesmo dia em que a emissora ABC cancelou sua bem-sucedida série de comédia "Roseanne" depois que sua protagonista, Roseanne Barr, publicou no Twitter uma piada amplamente criticada e tachada de racista que teve como alvo a ex-conselheira do presidente Barack Obama Valerie Jarrett.