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Santos agradece à UE apoio no processo de paz

30/05/2018 10h35

Estrasburgo, França, 30 Mai 2018 (AFP) - O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, agradeceu nesta quarta-feira (30) "de coração" à União Europeia (UE) seu apoio no processo de paz e pós-conflito em uma sessão solene na Eurocâmara, antes de viajar a Paris para assinar a adesão de seu país à OCDE.

"Hoje estou aqui diante de vocês para ratificar nossa vontade de trabalhar pela paz, mas, sobretudo, para dizer obrigado, muito obrigado ao generoso povo europeu", disse Santos entre aplausos dos eurodeputados em Estrasburgo.

O chefe de Estado colombiano iniciou em Estrasburgo uma nova viagem europeia, que o levará durante a tarde à capital francesa para assinar a adesão de seu país à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e um dia depois a Bruxelas para confirmar o estatuto da Colômbia como "sócio global" da Otan.

Santos, que vai deixar o poder em agosto, destacou que a eleição presidencial em curso é a primeira depois de meio século sem a "ameaça" da guerrilha das Farc.

E embora tenha destacado que "o avanço até a paz é definitivo e irreversível", considerou que várias ameaças continuam sobre seu país, como a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN), com a qual negocia a paz, e grupos vinculados ao narcotráfico.

"Não venho dizer a vocês que a Colômbia já alcançou a paz completa, pois não é assim", indicou o presidente que, contudo, defendeu seu "modelo bem-sucedido de processo de paz" com as Farc "em um mundo cheio de conflitos a serem resolvidos".

Santos aproveitou para reiterar seu agradecimento à UE por seu envolvimento no processo de paz, ao qual destinou Eamon Gilmore como enviado especial, mas também no período pós-conflito. "Agradeço de coração pelo apoio ao nosso presente e ao nosso futuro".

Os europeus criaram um Fundo Fiduciário para o futuro colombiano com uma doação inicial de 95 milhões de euros, dos quais já foram comprometidos 62 milhões em projetos, e habilitaram outros 85 milhões para o processo de desminar, explicou o presidente.

Antes de começar seu discurso, Santos saudou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, a quem, no passado, qualificou de "anjo da guarda" por seu compromisso com o processo de paz colombiano.

Em declaração à imprensa, o chefe de Estado também agradeceu a oferta europeia de ajudar na atenção do fluxo de pessoas que fogem da Venezuela, uma situação que pode chegar "a uma verdadeira crise de refugiados", segundo o presidente da Eurocâmara, Antonio Tajani.

- 'Conquista muito importante' na OCDE -A seguir, Santos viajou a Paris para assinar o acordo de adesão à OCDE, embora a entrada efetiva ocorra após a aplicação a nível nacional das medidas necessárias para se unir à Convenção da OCDE e da entrega da solicitação de adesão à França.

"Essa é uma conquista muito importante que compartilho com as nações europeias que avalizaram e apoiaram nossa entrada e que garantirá que nosso país cumpra os mais altos padrões em práticas de governo em políticas econômicas e sociais", explicou na Eurocâmara.

A Colômbia se tornará o terceiro país latino-americano membro da OCDE, depois de Chile e México. Outros países da região, como Brasil e Costa Rica, também apresentaram uma demanda de adesão.

Após destacar a entrada na OCDE e a colaboração com a Otan como o primeiro "sócio global" da América Latina, Santos destacou que deixará para seu sucessor um país "sem conflito armado com as Farc, com menos pobreza e com mais igualdade". "Que bom poder deixar este legado", acrescentou.