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Nicarágua registra 121 mortos em onda de protestos contra governo

05/06/2018 21h41

Manágua, 6 Jun 2018 (AFP) - Ao menos 121 pessoas morreram e 1.300 ficaram feridas na Nicarágua na onda de protestos contra o governo, incluindo uma criança morta na cidade de Granada, informou um organismo de direitos humanos nesta terça-feira (5).

A última recontagem de vítimas feita pelo Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) também inclui 10 pessoas mortas no fim de semana em confrontos entre manifestantes e forças governistas na cidade de Masaya (sul).

Segundo Marlin Sierra, secretária executiva do Cenidh, um menor faleceu nesta terça-feira na cidade turística de Granada por um disparo durante um confronto entre manifestantes e grupos de choque ligados ao governo.

O pároco da igreja Xalteva de Granada, Wilmer Pérez, disse ao canal 100% Noticias que o menor morreu em meio a enfrentamentos quando grupos ligados ao governo tentaram retirar uma barricada na cidade, 45 quilômetros ao sul da capital.

Pérez indicou que nas primeiras horas da manhã foram ouvidos "disparos de armas de fogo e bombas, enquanto as pessoas que estão nas barricadas se defendem somente com pedras".

Os moradores alegam que colocaram barricadas para se defender de ataques de grupos afins ao governo que, à noite, atacam a cidade, saqueiam e incendiam estabelecimentos comerciais.

"A situação é muito tensa no setor da paróquia La Merced, as pessoas disseram que tinha gente armada. Alguns dizem que (os agressores) são da juventude sandinista junto com a polícia", afirmou o religioso.

A vítima é um adolescente identificado como José Maltés, que morreu por um tiro, confirmou o Cenidh à AFP.

No fim de semana, 10 pessoas morreram em violentos confrontos registrados em Masaya.

"Isto já é um massacre, uma tragédia humana onde se busca exterminar todos os jovens que pensam diferente ou são críticos à gestão do governo", disse Sierra.

A Anistia Internacional (AI) assinalou em um comunicado publicado no México que o presidente Daniel Ortega "não mostrou a menor inclinação para acabar com sua política sistemática de repressão violenta que já cobrou mais de 100 vidas em menos de dois meses, com um saldo que sobe a cada dia".

Os países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) "não devem dar as costas ao povo nicaraguense em sua hora de necessidade", declarou a diretora da Anistia para as Américas, Erika Guevara Rosas, sobre um projeto de declaração de apoio ao povo da Nicarágua analisado pela Assembleia Geral desta entidade, em Washington.