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Crise da Venezuela e acordo com UE dominam cúpula do Mercosul

18/06/2018 21h38

Asunción, 19 Jun 2018 (AFP) - Com mensagens sobre a crise venezuelana e a demora para um acordo comercial com a União Europeia, os presidentes do Mercosul se reuniram nesta segunda-feira em Assunção, em uma cúpula que serviu para a transferência da presidência pro tempore do Paraguai ao Uruguai.

A declaração acordada entre os Estados-membros, lida pelo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, exortou o governo de Nicolás Maduro a permitir a entrada de ajuda humanitária na Venezuela "para aliviar a crise social e migratória".

O Mercosul, que há dois anos suspendeu a filiação da Venezuela por violar acordos e "quebrar" a sua "ordem democrática", volta sua atenção agora para a onda de emigrantes que chegam da Venezuela aos países da região, fugindo do colapso econômico. Apenas para a vizinha Colômbia migraram mais de 1 milhão nos últimos 16 meses.

A mensagem do bloco destacou a necessidade de coordenar esforços para responder ao fluxo migratório de venezuelanos na região "de forma consistente com a dignidade e a preservação dos direitos fundamentais dos imigrantes".

Outra declaração condenou a violência em protestos políticos na Nicarágua, que levou 178 pessoas à morte. O texto pediu para autoridades e população "retomarem o diálogo" sob a coordenação da Igreja católica.

- Acordo com a UE -O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, que assumiu a presidência pro tempore do Mercosul no semestre que termina em dezembro, não poupou críticas à falta de entendimento com a União Europeia para conseguir um acordo de livre-comércio.

"Quando você quer, você pode", disse ele ironicamente, observando que a UE está fechando um acordo com o Japão depois de um ano de negociações. As negociações com o Mercosul estão em andamento há 20 anos.

O presidente Michel Temer, no entanto, defendeu os diálogos com a UE e observou que "avançaram enormemente nos últimos anos".

Temer acrescentou que um grande acordo com a Europa "não se resolve da noite para o dia" e que o trabalho deve prosseguir.

- Outros blocos -No entanto, o Uruguai recebeu a indicação de abrir outras frentes para negociar acordos de livre-comércio com a China, a Rússia e o Japão e para dar sequência às negociações com o Canadá, a Coreia do Sul e as próximas negociações com Singapura.

Temer ponderou sobre as negociações que estão a caminho de uma integração com a Aliança do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia e México).

"Essa aliança é fundamental para fazer uma integração latino-americana das nações. Essa aliança sólida deve ser uma política de Estado", afirmou.

Vázquez disse que na cúpula da Aliança do Pacífico prevista para julho em Puerto Vallarta (México), com a presença dos presidentes do Mercosul, "reafirmamos nossa convicção em uma integração pragmática dos dois blocos".

Além dos presidentes do Paraguai, Brasil e Uruguai, os vice-presidentes da Argentina, Gabriela Michetti, e da Bolívia, Álvaro Linera, participaram desta cúpula.

O ministro das Relações Exteriores do Chile, Roberto Ampuero, representou o país.