Presos torceram para Argentina em 78 nos porões da ditadura
Buenos Aires, 28 Jun 2018 (AFP) - Presos políticos da última ditadura torceram para a seleção argentina dos porões onde eram torturados na Escola de Mecânica da Armada (ESMA) durante a Copa do Mundo disputada no país, em 1978, revelaram nesta quinta-feira sobreviventes, na inauguração de uma mostra em Buenos Aires.
"Torcia para você do porão", disse Ricardo Coquet, um ex-preso político que escapou com vida, a Jorge Olguín, zagueiro e campeão mundial em 78 com a Argentina.
Foi um dos momentos mais emotivos da cerimônia no Museu da Memória criado onde funcionava a Escola de Mecânica da Armada (ESMA) da Marinha de Guerra.
"Lembro que vimos a partida entre Argentina e Peru (6-0), que precisávamos ganhar por muitos gols. Eu estava com um companheiro e ficamos muito contentes, mas logo escutamos as portas se fechando, sinal de que haviam trazido outro sequestrado. Quando saímos, passamos desta pequena euforia com a Copa para ver um companheiro caído no chão, morto, e isto nos trouxe de volta à realidade", contou Coquet.
Mais de 5 mil pessoas passaram pelos porões da ditadura argentina e apenas centenas sobreviveram. Muitos dos sequestrados pelos órgãos de repressão foram atirados vivos no mar nos chamados 'voos da morte'.
"Não sei como explicar que nós, jogadores, não tivéssemos a menor ideia do que estava ocorrendo. Sinto de coração e agradeço o convite para compartilhar este momento", disse Olguín, que conquistou uma Copa Libertadores com o Argentinos Juniors.
No dia da festa de abertura do Mundial de 1978, no Estádio Monumental, com a partida entre Alemanha e Polônia (0-0), a TV alemã iniciou sua transmissão denunciando que "a poucas quadras daqui há gente sendo torturada e morta".
"Agora que está sendo disputado o Mundial da Rússia, o que Coquet disse a Olguín serve para se refletir sobre a alegria do futebol", declarou a diretora do Museu, Alejandra Naftal.
"Jamais acusei a seleção de ser cúmplice desta situação, mas o Mundial serviu de desculpa (para os militares). Naquela época se faziam vídeos que mostravam um país ideal, fantasioso, para a imprensa estrangeira. O que não sabiam é que este trabalho era feito por prisioneiros sob tortura", recordou outro sobrevivente, Alfredo Ayala.
Ayala relatou uma experiência macabra. "Tiravam a gente da prisão para ir às partidas. Me levaram ao estádio do River Plate, do Vélez Sarsfield para ver se alguém me conhecia, se aproximava, com o objetivo de prendê-lo".
"Torcia para você do porão", disse Ricardo Coquet, um ex-preso político que escapou com vida, a Jorge Olguín, zagueiro e campeão mundial em 78 com a Argentina.
Foi um dos momentos mais emotivos da cerimônia no Museu da Memória criado onde funcionava a Escola de Mecânica da Armada (ESMA) da Marinha de Guerra.
"Lembro que vimos a partida entre Argentina e Peru (6-0), que precisávamos ganhar por muitos gols. Eu estava com um companheiro e ficamos muito contentes, mas logo escutamos as portas se fechando, sinal de que haviam trazido outro sequestrado. Quando saímos, passamos desta pequena euforia com a Copa para ver um companheiro caído no chão, morto, e isto nos trouxe de volta à realidade", contou Coquet.
Mais de 5 mil pessoas passaram pelos porões da ditadura argentina e apenas centenas sobreviveram. Muitos dos sequestrados pelos órgãos de repressão foram atirados vivos no mar nos chamados 'voos da morte'.
"Não sei como explicar que nós, jogadores, não tivéssemos a menor ideia do que estava ocorrendo. Sinto de coração e agradeço o convite para compartilhar este momento", disse Olguín, que conquistou uma Copa Libertadores com o Argentinos Juniors.
No dia da festa de abertura do Mundial de 1978, no Estádio Monumental, com a partida entre Alemanha e Polônia (0-0), a TV alemã iniciou sua transmissão denunciando que "a poucas quadras daqui há gente sendo torturada e morta".
"Agora que está sendo disputado o Mundial da Rússia, o que Coquet disse a Olguín serve para se refletir sobre a alegria do futebol", declarou a diretora do Museu, Alejandra Naftal.
"Jamais acusei a seleção de ser cúmplice desta situação, mas o Mundial serviu de desculpa (para os militares). Naquela época se faziam vídeos que mostravam um país ideal, fantasioso, para a imprensa estrangeira. O que não sabiam é que este trabalho era feito por prisioneiros sob tortura", recordou outro sobrevivente, Alfredo Ayala.
Ayala relatou uma experiência macabra. "Tiravam a gente da prisão para ir às partidas. Me levaram ao estádio do River Plate, do Vélez Sarsfield para ver se alguém me conhecia, se aproximava, com o objetivo de prendê-lo".
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