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Ortega lidera marcha de apoio a seu governo em Manágua

07/07/2018 21h31

Manágua, 8 Jul 2018 (AFP) - O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, liderou neste sábado em Manágua uma grande marcha de seus apoiadores em resposta a protestos que pedem sua saída do poder há quase três meses, em meio a uma onda de violência que já deixa mais de 230 mortos.

"Abaixo os golpistas!", "Nem um passo atrás!", "Fica, meu comandante fica!, "Queremos a paz", gritavam, levantando bandeiras do partido Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, esquerda).

Ortega, ex-guerrilheiro sandinista de 72 anos, não aparecia em público desde 30 de maio, quando disse a milhares de apoiadores que continuará no poder. Neste dia, uma marcha opositora foi reprimida pelas forças de segurança do governo, com um saldo de 18 mortos.

Junto com sua mulher e vice-presente Rosario Murillo, Ortega subiu em um palco montado na Rotonda Hugo Chávez, onde há uma colorida estrutura metálica do busto do falecido líder socialista venezuelano.

"Sou uma mulher revolucionária e estou defendendo minha pátria da direita golpista e seus vândalos. Nós sandinistas somos pacifistas, mas se nos buscarem vão nos encontrar. Eles são os violentos e atribuem os mortos ao governo", disse à AFP Martha Candray, ex-militar de 57 anos.

Por causa da manifestação convocada pelo governo, a opositora Aliança Cívica pela Democracia e pela Justiça - grupos da sociedade civil - decidiu adiar para a próxima quinta-feira um protesto que tinha programado para este sábado e convocar uma nacional para o dia seguinte, 13 de julho, a fim de pressionar a saída de Ortega.

No ato, Ortega descartou a antecipação das eleições, como exigem seus opositores.

"Aqui as regras são dadas pela Constituição da República, através do povo. Não podem vir mudar as regras do dia para a noite simplesmente porque ocorreu a um grupo de golpistas", disse Ortega a seus seguidores, durante manifestação pró-governista em Manágua. O presidente não aparecia em público desde 30 de maio.

Também houve marchas de apoio ao governo em outras cidades, inclusive em Masaya, a mais rebelde do país e onde ainda há barricadas colocadas pelos manifestantes.