Planos de Theresa May para Brexit dinamitam seu governo
Londres, 9 Jul 2018 (AFP) - O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, e o do Brexit, David Davis, renunciaram ao cargo nesta segunda-feira (9) por divergências com Theresa May, pondo em risco a premiê e as negociações de saída com a União Europeia (UE).
"Nós não estávamos de acordo em como materializar o resultado do referendo" de saída da UE, disse May no Parlamento, três dias depois de ordenar a seus ministros para cerrarem fileiras em torno de seu plano para manter estreitas relações comerciais com a UE após o Brexit.
Em sua carta de renúncia, Boris Johnson considerou que o Reino Unido está se dirigindo "verdadeiramente para o status de colônia" da UE, e considerou que o sonho do Brexit "está morrendo".
O ministro da Saúde, Jeremy Hunt, substituirá Johnson à frente da pasta de Relações Exteriores, anunciou nesta segunda-feira à noite o gabinete de May.
Hunt, de 51 anos, havia apoiado a permanência do Reino Unido na UE em 2016, antes de mudar de opinião e se juntar ao grupo dos pró-Brexit, devido à atitude "arrogante" de Bruxelas durante as negociações, segundo uma entrevista a LBC Radio em 2017.
Este ex-empresário, que fala japonês e é casado com uma chinesa, tem fama de não fugir de desafios, após presidir por seis anos o serviço público de saúde (NHS), afetado por uma profunda crise.
O ministro da Cultura, Matt Hancock, substituirá Hunt no Ministério da Saúde.
O líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, disse que a unidade do governo foi uma "ilusão" que "durou 48 horas". Segundo ele, May não está capacitada para alcançar um acordo com Bruxelas, "quando sequer consegue alcançar um acordo com seu próprio governo".
Os eurocéticos mais duros, como Johnson e Davis, pretendiam cortar por completo o vínculo com os sócios europeus - sobretudo, em suas regulações e com a Justiça europeia - e se dedicar a tecer acordos de livre-comércio com países como Estados Unidos, ou Austrália.
Davis negou que tenha a intenção de liderar uma rebelião interna contra May. A demissão de Johnson aproxima essa possibilidade, porém, considerando-se a fraqueza parlamentar da primeira-ministra, que tem de se apoiar nos unionistas norte-irlandeses para governar.
Em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, expressou nesta segunda-feira a sua esperança de que essas demissões sirvam para frear o Brexit.
"Os políticos vão e vêm, mas os problemas que criaram para as pessoas permanecem. Só posso lamentar a ideia de que o Brexit não tenha ocorrido com Davis e Johnson. Mas... quem sabe?", tuitou Tusk, ideia que deixou entrever no passado.
- Raab no lugar de Davis -A nomeação de Boris Johnson em 2016 causou enorme surpresa, porque existia o sentimento de que o ex-prefeito de Londres aspirava ao posto de May e esperaria o melhor momento para conseguir isso. Também foi visto como uma bofetada por Bruxelas, já que Johnson foi o principal líder da campanha de saída da UE.
A saída do ministro das Relações Exteriores aumentou o risco de May ter que enfrentar uma moção de censura por parte dos deputados de seu partido conservador. Mas a primeira-ministra parece ter afastado essa ameaça, obtendo um amplo apoio após ter falado com eles a portas fechadas, de acordo com meios de comunicação britânicos.
Dominic Raab, até agora secretário de Estado para o Brexit, ocupará o cargo de David Davis à frente do ministério encarregado da separação da UE.
Deputado desde 2010, Raab, de 44 anos, fez campanha a favor da saída da UE no referendo de 2016.
A nove meses de se materializar a saída da UE, em março de 2019, Raab enfrenta o desafio de resolver grandes questões nas negociações, como o futuro das relações comerciais, ou da fronteira norte-irlandesa, a única terrestre entre o Reino Unido e a UE.
O secretário de Estado para o Brexit, Steve Baker, também pediu demissão para protestar contra o plano de May, que prevê a instauração de uma área de livre-comércio e um novo modelo alfandegário para os 27, a fim de manter um comércio "sem atritos" com o continente.
Para Davis, o plano "fará que o suposto controle do Parlamento seja mais uma ilusão do que uma realidade".
O já ex-ministro do Brexit foi especialmente crítico com a proposta de um "regulamento comum" para permitir o livre-comércio de bens, ao considerar que "se entrega à UE o controle de amplos setores" da economia britânica.
May respondeu Davis em uma carta, afirmando que seu plano para o Brexit "significará, sem dúvida, o retorno de poderes de Bruxelas ao Reino Unido" e que está alinhado com seu compromisso de abandonar o mercado único europeu e a união aduaneira.
"Nós não estávamos de acordo em como materializar o resultado do referendo" de saída da UE, disse May no Parlamento, três dias depois de ordenar a seus ministros para cerrarem fileiras em torno de seu plano para manter estreitas relações comerciais com a UE após o Brexit.
Em sua carta de renúncia, Boris Johnson considerou que o Reino Unido está se dirigindo "verdadeiramente para o status de colônia" da UE, e considerou que o sonho do Brexit "está morrendo".
O ministro da Saúde, Jeremy Hunt, substituirá Johnson à frente da pasta de Relações Exteriores, anunciou nesta segunda-feira à noite o gabinete de May.
Hunt, de 51 anos, havia apoiado a permanência do Reino Unido na UE em 2016, antes de mudar de opinião e se juntar ao grupo dos pró-Brexit, devido à atitude "arrogante" de Bruxelas durante as negociações, segundo uma entrevista a LBC Radio em 2017.
Este ex-empresário, que fala japonês e é casado com uma chinesa, tem fama de não fugir de desafios, após presidir por seis anos o serviço público de saúde (NHS), afetado por uma profunda crise.
O ministro da Cultura, Matt Hancock, substituirá Hunt no Ministério da Saúde.
O líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, disse que a unidade do governo foi uma "ilusão" que "durou 48 horas". Segundo ele, May não está capacitada para alcançar um acordo com Bruxelas, "quando sequer consegue alcançar um acordo com seu próprio governo".
Os eurocéticos mais duros, como Johnson e Davis, pretendiam cortar por completo o vínculo com os sócios europeus - sobretudo, em suas regulações e com a Justiça europeia - e se dedicar a tecer acordos de livre-comércio com países como Estados Unidos, ou Austrália.
Davis negou que tenha a intenção de liderar uma rebelião interna contra May. A demissão de Johnson aproxima essa possibilidade, porém, considerando-se a fraqueza parlamentar da primeira-ministra, que tem de se apoiar nos unionistas norte-irlandeses para governar.
Em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, expressou nesta segunda-feira a sua esperança de que essas demissões sirvam para frear o Brexit.
"Os políticos vão e vêm, mas os problemas que criaram para as pessoas permanecem. Só posso lamentar a ideia de que o Brexit não tenha ocorrido com Davis e Johnson. Mas... quem sabe?", tuitou Tusk, ideia que deixou entrever no passado.
- Raab no lugar de Davis -A nomeação de Boris Johnson em 2016 causou enorme surpresa, porque existia o sentimento de que o ex-prefeito de Londres aspirava ao posto de May e esperaria o melhor momento para conseguir isso. Também foi visto como uma bofetada por Bruxelas, já que Johnson foi o principal líder da campanha de saída da UE.
A saída do ministro das Relações Exteriores aumentou o risco de May ter que enfrentar uma moção de censura por parte dos deputados de seu partido conservador. Mas a primeira-ministra parece ter afastado essa ameaça, obtendo um amplo apoio após ter falado com eles a portas fechadas, de acordo com meios de comunicação britânicos.
Dominic Raab, até agora secretário de Estado para o Brexit, ocupará o cargo de David Davis à frente do ministério encarregado da separação da UE.
Deputado desde 2010, Raab, de 44 anos, fez campanha a favor da saída da UE no referendo de 2016.
A nove meses de se materializar a saída da UE, em março de 2019, Raab enfrenta o desafio de resolver grandes questões nas negociações, como o futuro das relações comerciais, ou da fronteira norte-irlandesa, a única terrestre entre o Reino Unido e a UE.
O secretário de Estado para o Brexit, Steve Baker, também pediu demissão para protestar contra o plano de May, que prevê a instauração de uma área de livre-comércio e um novo modelo alfandegário para os 27, a fim de manter um comércio "sem atritos" com o continente.
Para Davis, o plano "fará que o suposto controle do Parlamento seja mais uma ilusão do que uma realidade".
O já ex-ministro do Brexit foi especialmente crítico com a proposta de um "regulamento comum" para permitir o livre-comércio de bens, ao considerar que "se entrega à UE o controle de amplos setores" da economia britânica.
May respondeu Davis em uma carta, afirmando que seu plano para o Brexit "significará, sem dúvida, o retorno de poderes de Bruxelas ao Reino Unido" e que está alinhado com seu compromisso de abandonar o mercado único europeu e a união aduaneira.
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