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Mulher que parecia estar curada do Ebola é suspeita de infectar família

24/07/2018 00h44

Paris, 24 Jul 2018 (AFP) - O vírus Ebola pode ter se tornado latente em uma paciente que se acreditava estar curada e supostamente contaminou sua família, adverte um grupo de pesquisadores em um estudo publicado nesta terça-feira.

O Ebola "pode ter emergido novamente em uma mulher um ano depois de ela sobreviver a uma infeção aguda do vírus, provocando potencialmente a infecção de seu marido e de dois de seus filhos", revela a pesquisa publicada na revista The Lancet Infectious Diseases.

A mulher, que sobreviveu ao Ebola na Libéria em 2014, "tinha uma persistência viral ou uma recorrência da doença, e transmitiu o vírus a outros membros de sua família um ano depois", escrevem os pesquisadores.

O enigma era a origem do contágio de um adolescente de 15 anos internado em um hospital de Monróvia em novembro de 2015, quando a capital liberiana parecia livre da epidemia de Ebola. O jovem morreu de febre hemorrágica quatro dias depois.

A transmissão da mãe para os filhos parece que ocorreu através do pai, que deu entrada no hospital no mesmo dia. O homem e o filho mais novo, de oito anos, sobreviveram.

A investigação sobre o incidente mostrou que a mãe da vítima, de 33 anos, teve provavelmente a doença em julho de 2014, e supostamente se curou sem tratamento médico, mas sofrendo um aborto espontâneo.

Os cientistas já sabiam que o Ebola podia ser transmitido através do esperma de homens que pareciam curados, mas existe dúvida sobre se outros fluidos corporais transmitem o vírus.

"Não temos uma indicação clara sobre como ocorreu a transmissão da mãe para o marido [...]. Muito provavelmente ocorreu durante uma interação física próxima" e isto mostra que podem reaparecer focos do Ebola.

"Apesar da ausência atual de redes de transmissão ativas do Ebola no oeste da África, sua persistência poderia provocar um risco contínuo do retorno de casos e de uma epidemia em grande escala, caso não seja rapidamente detectada e controlada", adverte uma das autoras do estudo, Emily Kainne Dokubo, do Centro para o Controle e Prevenção de Enfermidades dos EUA.

A Libéria foi o país mais afetado pela pior epidemia de Ebola, entre 2013 e 2016, com 4.800 mortos.