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Pence pede a Ortega fim da violência e eleições antecipadas na Nicarágua

24/07/2018 18h54

Washington, 24 Jul 2018 (AFP) - O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, denunciou nesta terça-feira (24) a violência "patrocinada pelo Estado" na Nicarágua e pediu ao presidente, Daniel Ortega, a realização de eleições antecipadas para superar a crise no país, sacudido desde abril por protestos que pedem sua saída.

"A violência patrocinada pelo Estado da Nicarágua é inegável. A propaganda de Ortega não engana ninguém e não muda nada. Mais de 350 mortos pelas mãos do regime. Os Estados Unidos pedem ao governo de Ortega que ponha fim à violência AGORA e celebre eleições antecipadas: o mundo está de olho!", escreveu Pence em sua conta no Twitter.

O tuíte de Pence se refere à entrevista de Ortega, realizada pela emissora americana Fox News e transmitida na noite de segunda-feira nos Estados Unidos.

No trecho da entrevista retuitado por Pence, Ortega rejeita as acusações de que seu governo controla grupos pró-governamentais, que foram vistos agindo em acordo com a Polícia.

"Estes são grupos que obedecem a organizações políticas", disse Ortega, segundo a tradução para o espanhol da versão em inglês de suas declarações ao programa "Special Report", do jornalista Bret Baier.

"Alguns, inclusive, elegeram deputados para a Assembleia Nacional. São membros do Partido Liberal. Outros não participaram das eleições, se negaram a fazê-lo. E estiveram organizando estes grupos paramilitares por algum tempo e se aproveitaram de cada pequena situação para lançar ataques", acrescentou Ortega.

"Nenhuma das manifestações pacíficas" foi atacada, assegurou o presidente.

Durante a entrevista, Ortega acusou grupos políticos nicaraguenses de encabeçar milícias antigovernamentais, financiadas por narcotraficantes e agências dos Estados Unidos.

Segundo disse, estas milícias mataram dezenas de policiais durante as manifestações, que explodiram em 18 de abril contra uma reforma da Previdência proposta pelo governo, mas que derivaram em um amplo movimento que exige a renúncia de Ortega e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo.

O governo de Donald Trump promove uma retomada do diálogo entre o governo de Ortega e a opositora Aliança Cívica, iniciado em 16 de maio em Manágua, com a mediação da Igreja Católica. A última sessão plenária foi celebrada em 15 de junho.

No âmbito destas conversações, Washington apoia que se acorde um calendário para celebrar eleições antecipadas.

Na entrevista à Fox News na segunda-feira, Ortega recusou-se a celebrar eleições antes da data prevista pela Constituição.

"Antecipar as eleições criaria instabilidade, insegurança e pioraria as coisas", disse.