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Atentados do Estado Islâmico deixam mais de 220 mortos na Síria

25/07/2018 17h17

Beirute, 25 Jul 2018 (AFP) - Mais de 220 pessoas morreram em uma onda de ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) no sul da Síria, um dos balanços mais elevados desde o início da guerra no país, em 2011.

O presidente Bashar al Assad denunciou o que chamou de "crime" e criticou países estrangeiros que não enumerou, acusando-os de apoiar o EI.

"O crime de hoje mostra que os Estados que apoiam o terrorismo tentam reanimar as organizações terroristas para se servirem delas como moeda de troca para fins políticos, mas estas tentativas vão fracassar", disse Assad ao receber o emissário do presidente russo, Vladimir Putin, Alexander Lavrentiev, segundo comunicados da Presidência síria nas redes sociais.

"O balanço dos ataques subiu para pelo menos 221 mortos, dos quais 127 civis que, na maioria, morreram no norte (da província de Sueida), executados em suas casas", informou à AFP o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.

O balanço anterior era de pelo menos 183 pessoas mortas, entre elas 89 civis, e dezenas de feridos, segundo o OSDH.

"Trata-se do balanço mais crítico nesta província desde o início do conflito" em 2011, assegurou. Nos povoados, "os jihadistas (...) assassinaram moradores em suas casas", acrescentou.

"Algumas pessoas que fugiram do ataque (do EI) voltaram às aldeias recuperadas (pelo regime) e encontraram vizinhos mortos em suas casas", informou ao final da tarde Abdel Rahman.

Tratam-se dos primeiros ataques destas proporções realizados pelo EI em meses no país, onde a organização jihadista sofreu vários reveses nos últimos tempos.

Os ataques contra várias aldeias, somados a atentados suicidas, ocorreram na província meridional da Sureida, controlada pelo regime de Bashar Al-Assad. Os grupos do EI estão presentes em uma zona desértica no nordeste desta região.

Segundo a imprensa oficial síria, as forças do regime iniciaram uma contraofensiva para conter a ação dos extremistas. Os jihadistas foram forçados a recuar para o deserto.

Ao mesmo tempo, os extremistas foram alvo de ataques aéreos depois de tomarem três aldeias durante a manhã, informou o OSDH.

Após o fim dos combates, as forças do regime recuperaram os três povoados. "Os jihadistas foram obrigados a recuar para o deserto", informou o diretor do OSDH.

Em um comunicado postado no aplicativo Telegram, o EI afirma que seus combatentes lançaram ataques principalmente contra posições de segurança e do regime na cidade de Sueida.

- Poças de sangue -A agência oficial de notícias Sana e a cadeia de televisão estatal confirmaram os mortos e feridos nesses ataques, mas não deram um número exato.

"Unidades do Exército iniciaram uma contra-ofensiva (para deter) os terroristas do Daesh", reportou a TV estatal, que usa o acrônimo em árabe do EI.

As imagens difundidas dos ataques pelos meios de comunicação oficiais mostram um corpo ao lado de uma parede destruída na cidade de Sueida, em meio a poças de sangue.

"As Nações Unidas condenam os ataques contra civis" em Sueida, afirmou em um comunicado o coordenador humanitário da ONU na Síria, Ali Zaatari.

Segundo o OSDH, os ataques do EI nesta quarta-feira são os mais violentos dos últimos meses na Síria, onde a organização jihadistas sofre contínuas derrotas e controla menos de 3% do território. O EI, por sua vez, sofreu 38 baixas, segundo a fonte.

Estes atentados acontecem quando o regime sírio já está no controle de 90% das províncias meridionais de Deraa e Quneitra, após sua devastadora ofensiva militar em junho.

De acordo com a agência Sana, os atentados do EI tentam diminuir a pressão militar do Exército sírio contra os últimos jihadistas na província de Deraa.

Como informou na terça-feira o general François Parisot, comandante das forças francesas na coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos contra grupos jihadistas, os combates contra o EI em Deir Ezzor, um de seus últimos redutos no norte da Síria, ainda vão durar dois, ou três meses.

"As Nações Unidas condenam os ataques contra civis em Sueida", afirma em um comunicado o coordenador humanitário da ONU na Síria, Ali Zaatari.

"Esse novo ato criminoso do EI confirma a necessidade de uma coordenação de esforços da comunidade internacional para erradicar esse mal universal em solo sírio", reagiu, por sua vez, o ministério russo das Relações Exteriores.

Mais de 350.000 pessoas morreram desde o início do conflito na Síria em 2011, uma guerra que se intensificou com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos jihadistas.