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Apelo às Forças Armadas para segurança interior preocupa na Argentina

26/07/2018 20h49

Buenos Aires, 26 Jul 2018 (AFP) - Milhares de pessoas se manifestaram nesta quinta-feira (26) em Buenos Aires em repúdio ao recente decreto assinado pelo presidente argentino, Mauricio Macri, que estende o poder das Forças Armadas ao âmbito civil, em especial a vigilância de fronteiras.

Macri atribuiu tarefas de segurança interior às forças militares, algo que lhes havia sido vetado, em um país sensível ao papel militar desde a repressão na última ditadura (1976-1983).

Ao anunciar a assinatura do decreto, o presidente reafirmou que a missão principal das Forças Armadas é "proteger a soberania nacional e a integridade do território".

No entanto, muitos cidadãos entendem que o anúncio esconde a intenção de militarizar as ruas ante o crescente mal-estar social. Por isso milhares de cidadãos se mobilizaram, primeiro em direção à central Praça de Maio e depois ao edifício Libertador, onde funcionam os escritórios do Estado-Maior Conjunto.

"Estamos muito doloridos com o que já vivemos na ditadura e por sorte há muitos jovens que estão tomando consciência de que isso aconteceu, não é um filme e nunca mais em nosso país vamos ter as Forças Armadas contra o povo", afirmou Virginia Fons, arquiteta aposentada de 67 anos.

"Com este decreto subjaz o risco de que as Forças Armadas, por ordem do próprio Poder Executivo, se excedam nas funções que o texto lhes atribui", opinou Gustavo Pérez, um professor universitário de 60 anos.

"No decreto se contemplam um conjunto de funções, como combater o narcotráfico, que em outros países se provou que quando (os militares) as cumprem (...), em vez de neutralizar o poder do narcotráfico terminam envolvidos com eles", analisou.