Israel cita 'terrorismo sem fronteiras' e acusa enfermeiro de ONG de atirar em soldados
As autoridades israelenses afirmaram na quinta-feira à noite que um enfermeiro palestino da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), que morreu nesta semana, atirou na segunda-feira contra soldados israelenses.
A MSF anunciou a morte do enfermeiro nesta sexta-feira e indicou que estava verificando as circunstâncias da morte.
De acordo com o Cogat, organismo do ministério da Defesa responsável pelas operações israelenses no território palestino, o enfermeiro Hani Al Majdalawi tentou atravessar na segunda-feira a barreira que separa a Faixa de Gaza de Israel, abriu fogo contra um grupo de soldados com um fuzil e lançou um explosivo.
Em um comunicado com o título "Terrorismo Sem Fronteiras", o Cogat afirma que Hani Al Majdalawi era membro da MSF.
O exército israelense já havia anunciado na segunda-feira sobre o incidente. Na ocasião informou que nenhum soldado ficou ferido, mas não afirmou nada sobre a morte do enfermeiro palestino.
A MSF confirmou nesta sexta-feira em um comunicado que "um de seus funcionários, Hani Mohamed Al Majdalawi, morreu em Gaza na segunda-feira".
A ONG afirmou que deseja "verificar e compreender as circunstâncias destes fatos muito graves".
Ao mesmo tempo, o Cogat pediu "explicações" à organização internacional. "Como um homem que deveria salvar vidas pode utilizar seu salário para comprar uma arma destinada a tirar vidas?", questiona o organismo israelense.
Desde 30 de março, os palestinos protestam ao longo da fronteira de Israel com a Faixa de Gaza.
A repressão israelense às manifestações provocou as mortes de pelo menos 172 cidadãos de Gaza, vítimas de franco-atiradores.
O exército israelense registrou a morte de um soldado, a primeira na região desde 2014.
Milhares de palestinos feridos por tiros foram atendidos em hospitais da Faixa de Gaza. A MSF reforçou sua presença no território palestino, onde tem 200 funcionários palestinos e estrangeiros.
A ONG criticou o que chamou de resposta "inaceitável e desumana" e o "uso desproporcional da força" pelo exército israelense em 14 de maio, quando dezenas de moradores de Gaza morreram durante os protestos contra a inauguração da nova embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém.
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