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Israel cita 'terrorismo sem fronteiras' e acusa enfermeiro de ONG de atirar em soldados

14.mai.2018 - Palestinos correm de bombas de gás durante protesto na fronteira da Faixa de Gaza com Israel - Mohammed Abed/AFP
14.mai.2018 - Palestinos correm de bombas de gás durante protesto na fronteira da Faixa de Gaza com Israel Imagem: Mohammed Abed/AFP

Em Jerusalém

24/08/2018 08h06

As autoridades israelenses afirmaram na quinta-feira à noite que um enfermeiro palestino da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), que morreu nesta semana, atirou na segunda-feira contra soldados israelenses.

A MSF anunciou a morte do enfermeiro nesta sexta-feira e indicou que estava verificando as circunstâncias da morte.

De acordo com o Cogat, organismo do ministério da Defesa responsável pelas operações israelenses no território palestino, o enfermeiro Hani  Al  Majdalawi tentou atravessar na segunda-feira a barreira que separa a Faixa de Gaza de Israel, abriu fogo contra um grupo de soldados com um fuzil e lançou um explosivo.

Em um comunicado com o título "Terrorismo Sem Fronteiras", o Cogat afirma que Hani  Al  Majdalawi era membro da MSF.

O exército israelense já havia anunciado na segunda-feira sobre o incidente. Na ocasião informou que nenhum soldado ficou ferido, mas não afirmou nada sobre a morte do enfermeiro palestino.

A MSF confirmou nesta sexta-feira em um comunicado que "um de seus funcionários, Hani  Mohamed  Al  Majdalawi, morreu em Gaza na segunda-feira".

A ONG afirmou que deseja "verificar e compreender as circunstâncias destes fatos muito graves".

Ao mesmo tempo, o Cogat pediu "explicações" à organização internacional. "Como um homem que deveria salvar vidas pode utilizar seu salário para comprar uma arma destinada a tirar vidas?", questiona o organismo israelense.

Desde 30 de março, os palestinos protestam ao longo da fronteira de Israel com a Faixa de Gaza.

A repressão israelense às manifestações provocou as mortes de pelo menos 172 cidadãos de Gaza, vítimas de franco-atiradores.

O exército israelense registrou a morte de um soldado, a primeira na região desde 2014.

Milhares de palestinos feridos por tiros foram atendidos em hospitais da Faixa de Gaza. A MSF reforçou sua presença no território palestino, onde tem 200 funcionários palestinos e estrangeiros.

A ONG criticou o que chamou de resposta "inaceitável e desumana" e o "uso desproporcional da força" pelo exército israelense em 14 de maio, quando dezenas de moradores de Gaza morreram durante os protestos contra a inauguração da nova embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém.