Papa não é 'bem-vindo' por todos em Dublin
Dublin, 25 Ago 2018 (AFP) - O papa não é "bem-vindo" por todos: a visita de Francisco à Irlanda causou neste sábado (25) um debate nas ruas de Dublin sobre o papel da Igreja no país, muito afetado por abusos cometidos por eclesiásticos.
De um lado, estão os partidários do papa Francisco, que o aclamaram quando o Sumo Pontífice acenou de dentro do carro que o conduzia pelas ruas da capital irlandesa.
Acompanhados pelos sons dos sinos da cidade, fiéis, entres os quais havia uma importante delegação espanhola, levantaram bandeiras que diziam "Papa Francisco, juntos te amaremos por toda a eternidade".
Alguns jovens não hesitaram em seguir o cortejo papal pelas ruas, fechadas para o trânsito. As calçadas também estavam cheias de policiais e ambulantes vendendo bandeiras do Vaticano.
Mas havia também opositores, como Rosa López, de 45 anos, que chegou com uma bandeira coberta de frases provocativas e claramente opostas ao papa, como: "O papa não é bem-vindo" e "solidariedade com os sobreviventes (de abusos do clero)".
"Existe um crime e ele deve ser processado", disse à AFP a mulher, originária da Espanha, que mora em Dublin.
A visita papal, primeira à Irlanda desde 1979, é um "insulto aos sobreviventes", insistiu. "Ele disse que sentia muito, mas isso não é o suficiente".
Desde 2002, mais de 14.500 pessoas se declararam vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes na Irlanda. A magnitude desse escândalo acelerou a queda da influência da Igreja, antes muito ampla, na sociedade irlandesa, tradicionalmente católica.
- "É só um homem"Em um discurso ao meio-dia, o papa expressou em Dublin sua "vergonha" e "sofrimento" diante do "fracasso das autoridades eclesiásticas - bispos, superiores, religiosos, sacerdotes e outros - em lidar de maneira adequada com esse crimes "desprezíveis" no passado.
Atravessando a multidão, Rosa López recebe olhares irritados de alguns irlandeses, mas também aplausos de um homem que toma uma bebida no terraço de um café.
Esta é a reação que teme Anne-Marie Dean, católica de 47 anos, para quem os fiéis na Irlanda são cada vez menos respeitados.
A visita papal, considera Dean, é uma oportunidade para "o Santo Pai nos apoiar", mas também um convite para a "reconciliação" entre a Igreja e os irlandeses.
Outro opositor, Richard Duffy, de 31 anos, escreveu "Detenham o papa" em um cartaz que mostra com orgulho.
"Não posso acreditar que o festejam", disse. "Seguem negando e se recusam a admitir qualquer falha e fornecer informações sobre o mal que ocorreu aqui", disse, se referindo aos responsáveis do clero e dos abusos sexuais.
Ao ouvir essas palavras, um homem se detém para defender o papa.
"Como ele poderia se desculpar de tudo isso? Ele é só um homem", disse, recusando-se a se identificar.
jts-eg/age/ap
De um lado, estão os partidários do papa Francisco, que o aclamaram quando o Sumo Pontífice acenou de dentro do carro que o conduzia pelas ruas da capital irlandesa.
Acompanhados pelos sons dos sinos da cidade, fiéis, entres os quais havia uma importante delegação espanhola, levantaram bandeiras que diziam "Papa Francisco, juntos te amaremos por toda a eternidade".
Alguns jovens não hesitaram em seguir o cortejo papal pelas ruas, fechadas para o trânsito. As calçadas também estavam cheias de policiais e ambulantes vendendo bandeiras do Vaticano.
Mas havia também opositores, como Rosa López, de 45 anos, que chegou com uma bandeira coberta de frases provocativas e claramente opostas ao papa, como: "O papa não é bem-vindo" e "solidariedade com os sobreviventes (de abusos do clero)".
"Existe um crime e ele deve ser processado", disse à AFP a mulher, originária da Espanha, que mora em Dublin.
A visita papal, primeira à Irlanda desde 1979, é um "insulto aos sobreviventes", insistiu. "Ele disse que sentia muito, mas isso não é o suficiente".
Desde 2002, mais de 14.500 pessoas se declararam vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes na Irlanda. A magnitude desse escândalo acelerou a queda da influência da Igreja, antes muito ampla, na sociedade irlandesa, tradicionalmente católica.
- "É só um homem"Em um discurso ao meio-dia, o papa expressou em Dublin sua "vergonha" e "sofrimento" diante do "fracasso das autoridades eclesiásticas - bispos, superiores, religiosos, sacerdotes e outros - em lidar de maneira adequada com esse crimes "desprezíveis" no passado.
Atravessando a multidão, Rosa López recebe olhares irritados de alguns irlandeses, mas também aplausos de um homem que toma uma bebida no terraço de um café.
Esta é a reação que teme Anne-Marie Dean, católica de 47 anos, para quem os fiéis na Irlanda são cada vez menos respeitados.
A visita papal, considera Dean, é uma oportunidade para "o Santo Pai nos apoiar", mas também um convite para a "reconciliação" entre a Igreja e os irlandeses.
Outro opositor, Richard Duffy, de 31 anos, escreveu "Detenham o papa" em um cartaz que mostra com orgulho.
"Não posso acreditar que o festejam", disse. "Seguem negando e se recusam a admitir qualquer falha e fornecer informações sobre o mal que ocorreu aqui", disse, se referindo aos responsáveis do clero e dos abusos sexuais.
Ao ouvir essas palavras, um homem se detém para defender o papa.
"Como ele poderia se desculpar de tudo isso? Ele é só um homem", disse, recusando-se a se identificar.
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