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Emigrantes venezuelanos regressam ao país em avião enviado por Maduro

27/08/2018 20h21

Lima, 27 Ago 2018 (AFP) - Um avião enviado por determinação do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, partiu nesta segunda-feira de Lima com cerca de 100 emigrantes venezuelanos que optaram por voltar a seu país diante das dificuldades que enfrentavam no Peru.

No sentido inverso da avalanche de venezuelanos que cruzaram a fronteira peruana nas últimas semanas, estes 97 emigrantes arrependidos, entre eles 22 crianças, estavam felizes em pegar o avião de regresso à pátria, apesar da severa crise política e econômica que atinge a Venezuela.

"Obrigado aos amigos que me enviaram um email sobre como o presidente Maduro havia criado o plano 'volte à pátria'". "Fui à embaixada (venezuelana) e me receberam bem", disse à AFP Miguel Materano, 42 anos, antes de subir no avião da companhia estatal Conviasa.

"Vou procurar um trabalho lá (na Venezuela), o governo prometeu nos ajudar", revelou Materano, que decidiu voltar diante da "má situação aqui no Peru e da xenofobia" com os emigrantes venezuelanos.

Katiuska Anselmo justificou a decisão porque não tem com quem deixar os filhos, enquanto Yusmari Arrais não encontra trabalho porque está grávida.

Ao menos 500 mil venezuelanos chegaram ao Peru nos últimos meses, e no sábado passado Lima passou a exigir a apresentação de passaporte para que entrem no país, exceto para os que pedem refúgio ao chegar à fronteira.

O pedido de refúgio permite aos venezuelanos permanecer legalmente no Peru e conseguir emprego, enquanto buscam uma solução definitiva para sua situação.

"Não há a menor sombra de dúvida de que este voo (...) faz parte de um plano político dirigido pelo próprio Nicolás Maduro, que busca desacreditar a diáspora venezuelana no Peru", disse à AFP Oscar Pérez, que lidera uma associação de imigrantes venezuelanos em Lima.

Na sexta-feira, o ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodríguez, garantiu que seus compatriotas regressariam ao país após as recentes reformas econômicas adotadas por Maduro para lutar contra a hiperinflação, que este ano deve superar 1.000.000%, segundo o Fundo Monetário Internacional.

Ao menos 2,3 milhões de venezuelanos vivem no exterior (7,5% da população), incluindo mais de 1,6 milhão que saíram do país a partir de 2015, diante do recrudescimento da crise.

Deste total, 90% se dirigiram a países da América Latina, segundo a agência da ONU para os refugiados (ACNUR) e a Organização para as Migrações(OIM).