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Haddad adverte para risco de não se aceitar soberania popular

28/08/2018 19h16

Rio de Janeiro, 28 Ago 2018 (AFP) - Fernando Haddad, colega de chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, advertiu nesta terça-feira (28) para o risco de não se aceitar a soberania popular em caso de invalidação da candidatura do ex-presidente que permanece favorito às eleições presidenciais de outubro, apesar de estar preso.

"O maior crime que se pode cometer contra a democracia é não se aceitar a soberania popular, porque aí você vive em uma instabilidade institucional permanente", afirmou Haddad em uma coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.

Lula, de 72 anos, cumpre desde abril pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Sua candidatura deve ser invalidada devido à sua situação judicial.

Mas, mesmo assim, o ex-presidente (2003-2010), do Partido dos Trabalhadores, não para de crescer nas pesquisas.

Uma pesquisa do Datafolha lhe atribuiu na semana passada 39% das intenções de voto, contra 19% para o ultradireitista Jair Bolsonaro, o segundo colocado. E em um segundo turno, ele derrotaria qualquer um de seus eventuais adversários.

Haddad, ex-prefeito de São Paulo, de 55 anos, afirmou que Lula "tem hoje o respaldo de quase 50% dos eleitores que pretendem votar, o que lhe daria praticamente a eleição no primeiro turno".

"Muitos analistas registraram que Lula já venceu as eleições", afirmou.

Se a candidatura de Lula for anulada, o PT deve designar Haddad para liderar a chapa, mas a transferência de votos não parece fácil. Nos cenários sem Lula, o atual candidato a vice obtém apenas 4% das intenções de voto.

No entanto, Haddad, que também faz parte da equipe de advogados de Lula, se nega a especular sobre essa hipótese.

Essa "pergunta tem muito sentido se estivéssemos meramente fazendo um cálculo eleitoral, mas o que conseguimos demostrar (...) é que nós podemos derrotar o golpe de 2016, moralmente, por meio do apoio que o Lula vem recebendo do país todo para ser candidato e para se eleger, provavelmente, no primeiro turno", afirmou.

O PT qualifica de "golpe" o impeachment que em 2016 destituiu a presidente Dilma Rousseff.

Haddad também solicitou que acatem o pedido do Comité de Direitos Humanos da ONU para que Lula possa ser candidato, inclusive fazendo campanha da prisão.