Ex-sandinista Bianca Jagger quer que Ortega deixe poder na Nicarágua
Nova York, 21 Set 2018 (AFP) - Bianca Jagger tem um objetivo: que os Estados Unidos, o Canadá e a Europa apliquem sanções a integrantes do governo de Daniel Ortega na Nicarágua e cortem qualquer auxílio.
"Daniel Ortega talvez seja pior que Somoza", disse nesta quinta-feira à AFP a célebre defensora dos direitos humanos nicaraguense, de 73 anos, referindo-se a Anastasio Somoza, ditador derrubado em 1979 pela revolução sandinista liderada pelo ex-guerrilheiro Ortega.
Antes defensora da revolução sandinista, Jagger hoje diz se sentir "traída" por Ortega, e também reclama um maior compromisso do setor privado e das famílias ricas de Nicarágua na crise que o país vive.
A repressão aos protestos contra o governo de Ortega deixou mais de 320 mortos e pelo menos 500 presos políticos, a maioria acusados de terrorismo, segundo dados do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).
Este é um resumo da entrevista com a presidente da fundação que leva seu nome, ex-mulher do vocalista dos Rolling Stones Mick Jagger, antes de seu discurso na Americas Society/Conselho das Américas.
P: Por que veio a Washington e a Nova York?
R: A perseguição, a perseguição sem piedade de Daniel Ortega contra a população civil, contra todos que levantam a voz contra seu governo, faz com que na Nicarágua exista em Estado de terror.
Precisamos que a comunidade internacional unida pense em formas de apoiar o povo nicaraguense e de frear as atrocidades. Os Estados Unidos, os países doadores europeus, o Canadá têm que cortar a ajuda a Ortega.
P: Você se reuniu com o chefe para a América Latina do Departamento de Estado, Francisco Palmieri. O que disse?
R: Têm uma preocupação e estão vendo que ações poderiam tomar na Nicarágua que não sejam de invasão (...), mas que podem apoiar o povo e parar a perseguição brutal da população e de que forma podem pressionar para que os presos políticos sejam libertados.
P: E acha que é factível que o Senado aprove o projeto de lei que corta a ajuda e sanciona integrantes do governo de Ortega?
R: Acho que sim, uma emenda do senador (democrata Bob) Menéndez criou uma espécie de combo entre o NICA Act (já aprovado pela Câmara baixa) e a lei de sanções Magnitsky para cortar a ajuda ao governo, mas evitar cortá-la ao povo. Poderia ser votada na próxima quarta-feira.
P: Alguns manifestantes na Nicarágua gritam a frase "Ortega e Somoza são a mesma coisa". Por que?
R: Daniel Ortega talvez seja pior que Somoza, porque Ortega está assassinando meninos que estão desarmados. Como Alvarito (Conrado), um menino que estava dando água aos que protestavam. E os meninos que foram queimados vivos... Meus amigos que ansiavam alcançar um país onde existisse democracia, justiça, eleições livres, hoje estão na prisão, acusados de ser terroristas.
P: Você aceita que Ortega deixe o poder em troca de não ser julgado?
R:É uma pergunta importante que todos temos que nos fazer. O que é importante, que se faça justiça ou que se permita a Ortega ir embora e abandonar o poder para deixar de assassinar? Isso não é fácil de aceitar (...). Seria muito difícil para mim dizer 'vamos esquecer dos crimes contra a humanidade que Daniel Ortega cometeu'.
P: Acha que o diálogo entre governo e oposição ainda é possível?
R: Sempre fui muito cética com o diálogo nacional (...), mas sei que é preciso esgotar todas as possibilidades.
Temos que encontrar uma forma que seja efetiva para que Daniel Ortega deixe o poder e permita que sejam feitas eleições, mas não sob sua direção.
P: Ortega indicou sua intenção de comparecer à próxima Assembleia Geral da ONU na semana que vem. O que acha disso?
R: Daniel Ortega é um criminoso de guerra.
"Daniel Ortega talvez seja pior que Somoza", disse nesta quinta-feira à AFP a célebre defensora dos direitos humanos nicaraguense, de 73 anos, referindo-se a Anastasio Somoza, ditador derrubado em 1979 pela revolução sandinista liderada pelo ex-guerrilheiro Ortega.
Antes defensora da revolução sandinista, Jagger hoje diz se sentir "traída" por Ortega, e também reclama um maior compromisso do setor privado e das famílias ricas de Nicarágua na crise que o país vive.
A repressão aos protestos contra o governo de Ortega deixou mais de 320 mortos e pelo menos 500 presos políticos, a maioria acusados de terrorismo, segundo dados do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).
Este é um resumo da entrevista com a presidente da fundação que leva seu nome, ex-mulher do vocalista dos Rolling Stones Mick Jagger, antes de seu discurso na Americas Society/Conselho das Américas.
P: Por que veio a Washington e a Nova York?
R: A perseguição, a perseguição sem piedade de Daniel Ortega contra a população civil, contra todos que levantam a voz contra seu governo, faz com que na Nicarágua exista em Estado de terror.
Precisamos que a comunidade internacional unida pense em formas de apoiar o povo nicaraguense e de frear as atrocidades. Os Estados Unidos, os países doadores europeus, o Canadá têm que cortar a ajuda a Ortega.
P: Você se reuniu com o chefe para a América Latina do Departamento de Estado, Francisco Palmieri. O que disse?
R: Têm uma preocupação e estão vendo que ações poderiam tomar na Nicarágua que não sejam de invasão (...), mas que podem apoiar o povo e parar a perseguição brutal da população e de que forma podem pressionar para que os presos políticos sejam libertados.
P: E acha que é factível que o Senado aprove o projeto de lei que corta a ajuda e sanciona integrantes do governo de Ortega?
R: Acho que sim, uma emenda do senador (democrata Bob) Menéndez criou uma espécie de combo entre o NICA Act (já aprovado pela Câmara baixa) e a lei de sanções Magnitsky para cortar a ajuda ao governo, mas evitar cortá-la ao povo. Poderia ser votada na próxima quarta-feira.
P: Alguns manifestantes na Nicarágua gritam a frase "Ortega e Somoza são a mesma coisa". Por que?
R: Daniel Ortega talvez seja pior que Somoza, porque Ortega está assassinando meninos que estão desarmados. Como Alvarito (Conrado), um menino que estava dando água aos que protestavam. E os meninos que foram queimados vivos... Meus amigos que ansiavam alcançar um país onde existisse democracia, justiça, eleições livres, hoje estão na prisão, acusados de ser terroristas.
P: Você aceita que Ortega deixe o poder em troca de não ser julgado?
R:É uma pergunta importante que todos temos que nos fazer. O que é importante, que se faça justiça ou que se permita a Ortega ir embora e abandonar o poder para deixar de assassinar? Isso não é fácil de aceitar (...). Seria muito difícil para mim dizer 'vamos esquecer dos crimes contra a humanidade que Daniel Ortega cometeu'.
P: Acha que o diálogo entre governo e oposição ainda é possível?
R: Sempre fui muito cética com o diálogo nacional (...), mas sei que é preciso esgotar todas as possibilidades.
Temos que encontrar uma forma que seja efetiva para que Daniel Ortega deixe o poder e permita que sejam feitas eleições, mas não sob sua direção.
P: Ortega indicou sua intenção de comparecer à próxima Assembleia Geral da ONU na semana que vem. O que acha disso?
R: Daniel Ortega é um criminoso de guerra.
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