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Nova testemunha diz que foi estuprada em festa do juiz indicado por Trump

Brett Kavanaugh foi indicado à Suprema Corte dos EUA por Trump - Leah Millis/Reuters
Brett Kavanaugh foi indicado à Suprema Corte dos EUA por Trump Imagem: Leah Millis/Reuters

Da AFP, em Washington

26/09/2018 14h25

O caso do candidato indicado pelo presidente americano à Suprema Corte dos Estados Unidos ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira depois que uma nova denunciante fez acusações de ordem sexual que complicam mais a situação.

Julie Swetnick assinalou em um comunicado divulgado por seu advogado que viu o juiz Brett Kavanaugh "ter condutas muito inapropriadas" com outras mulheres durante uma festa que ele deu na década de 1980.

Ela inclusive informou que sofreu um estupro coletivo durante essa festa.

Swetnick afirmou ainda que o agora juiz "bebeu excessivamente e teve um comportamento fisicamente agressivo em relação às mulheres", incluindo o fato de que "apalpou e agarrou as meninas sem o consentimento delas".

"Eu vi Brett Kavanaugh beber excessivamente em muitas dessas festas e se envolver em comportamentos abusivos e agressivos em relação às meninas, incluindo tocar ou agarrá-las para tentar tirar sua roupa e expor as partes íntimas das meninas", afirma Swetnick.

Brett Kavanaugh rejeitou categoricamente as acusações. "Isso é ridículo e vem de uma quarta dimensão", declarou segundo comunicado da Casa Branca.

Em um comunicado preparado para uma audiência perante a Comissão de Justiça do Senado, o juiz já negava as acusações de agressão sexual.

"Nos últimos dias, outras acusações falsas e sem provas foram propagadas", escreveu. "São pura e simplesmente calúnias de último minuto", garantiu Kavanaugh.

Tudo foi feito "para encontrar algo, qualquer coisa, por mais improvável e desagradável, para bloquear minha nomeação".

O presidente Trump insiste em defender seu indicado para a Suprema Corte, apesar das acusações que pesam contra o juiz.

Nesta quarta-feira, o presidente estimou que as novas acusações de abuso sexual são "falsas" e atacou, numa mensagem no Twitter, o advogado que as tornou públicas.

Michael Avenatti, que já defende a atriz pornô Stormy Daniels em sua batalha judicial contra Donald Trump, "é um advogado de baixo calão que só sabe apresentar falsas acusações, como fez contra mim e como faz agora contra o juiz Brett Kavanaugh", escreveu.

"Ele busca apenas atrair a atenção".

Na terça, Trump chegou a questionar a credibilidade de Deborah Ramírez, a primeira uma mulher que acusou Kavanaugh de ter tirado suas calças e esfregado os genitais no rosto em uma festa regada com muito álcool na Universidade de Yale, há 35 anos.

Apesar da crescente controvérsia sobre a indicação de Brett Kavanaugh, o Comitê Judiciário do Senado agendou a votação para a aprovação de seu nome ou não para sexta-feira às 09h30 local (10h30 de Brasília).

As acusações contra Kavanaugh, desconhecidas há apenas duas semanas, aumentaram a pressão sobre a minoria democrata no Senado.

"Os democratas estão armando uma fraude. Eles sabem que é uma farsa", acusou Trump.

"Há 36 anos, ninguém sabia de nada ou ninguém tinha ouvido nada sobre isso, e agora aparecem novas reclamações", acrescentou o presidente.

Para Trump, colocar um juiz conservador em uma posição vitalícia no tribunal superior selará seu objetivo de deixar juízes moderados ou progressistas de fora da corte por muitos anos.

Esta jurisdição resolve questões fundamentais da sociedade americana, como o direito ao aborto, a posse de armas de fogo e os direitos das minorias.

Neste contexto, a oposição democrata no Senado pediu a suspensão imediata do voto de confirmação do juiz, evocando "acusações múltiplas e corroboradas" que devem ser investigadas.