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Russa é denunciada nos EUA por interferir nas legislativas de 2018

19/10/2018 20h18

Washington, 19 Out 2018 (AFP) - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos denunciou nesta sexta-feira (19) uma cidadã russa de interferência nas eleições legislativas de 6 de novembro, tornando-se a primeira pessoa a enfrentar acusações criminais referentes às eleições de meio de mandato ao Congresso americano.

A acusação foi feita no momento em que o chefe da comunidade de Inteligência americana emitiu um alerta oficial de interferências de China, Irã e Rússia nas próximas eleições.

"As acusações de hoje sustentam que a cidadã russa Yelena Khusyainova conspirou com outros que fizeram parte da campanha de influência russa para interferir na democracia americana", disse o procurador-geral adjunto dos Estados Unidos, John Demers.

O anúncio foi feito em conjunto por Demers e pelo diretor do FBI (a Polícia Federal americana), Christopher Wray.

Segundo a acusação, Khusyainova, de 44 anos, originária de São Petersburgo, foi a diretora de contabilidade do "Projeto Lakhta", que tinha objetivos na Rússia, nos Estados Unidos, em países da União Europeia e na Ucrânia, entre outros, e que teria orçado em milhões de dólares os esforços de mídia social nos EUA e na Europa.

Na ação concertada, foram enviadas milhões de postagens via Facebook, Twitter, Instagram e outras plataformas destinadas a estimular a animosidade entre campos políticos e grupos da sociedade.

A acusação contra Khusyainova sugere que os investigadores americanos têm conhecimento detalhado das operações, e estabelece o orçamento para o Projeto Lakhta mês a mês, no primeiro semestre de 2018, em mais de 650 milhões de rublos, ou 10 milhões de dólares.

A acusação apresentou exemplos de múltiplas postagens em Facebook e Twitter em contas aparentemente americanas, algumas das quais atacaram conservadores e outras, progressistas.

Embora as contas citadas tenham sido removidas ou bloqueadas desde então, as mensagens contidas foram encaminhadas, retuitadas ou novamente postadas por outras pessoas.

As contas foram usadas "para criar e amplificar conteúdos sociais e políticos que dividem o público americano", segundo o Departamento de Justiça.

Pouco antes da acusação, o gabinete do diretor de Inteligência Nacional havia divulgado um comunicado expressando a sua preocupação com uma possível interferência eleitoral.

"Estamos preocupados com as campanhas de Rússia, China e outros atores estrangeiros, incluindo o Irã, para minar a confiança nas instituições democráticas e influenciar o sentimento público e as políticas do governo", diz o comunicado, feito em conjunto com o Departamento de Segurança Interna, FBI e Departamento de Justiça.

O comunicado observou que, apesar das tentativas de invadir a infraestrutura eleitoral, não há sinal de que hackers estrangeiros tenha comprometido sistemas, como bancos de dados de registro eleitoral e máquinas de votação.

Nos Estados Unidos, o procurador especial Robert Mueller conduz uma investigação sobre as acusações de interferência da Rússia nas eleições presidenciais americanas de 2016 e sobre o possível conluio com a campanha do presidente Donald Trump.