Ciro Gomes culpa PT e Lula pela ascensão de Bolsonaro
Brasília, 31 Out 2018 (AFP) - Ciro Gomes, terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial, acusou o Partido dos Trabalhadores (PT), do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de ter propiciado a vitória de Jair Bolsonaro.
"O PT elegeu Bolsonaro", sentenciou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo divulgada nesta quarta-feira (31).
"O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor que criou uma força antagônica que é a maior força política no Brasil hoje", acrescentou Ciro Gomes, do Partido Democrata Trabalhista (PDT).
Ciro, ex-ministro de Lula de 60 anos, obteve 12,5% dos votos no primeiro turno, atrás de Bolsonaro (46%) e de Haddad (29%).
Em um primeiro momento, declarou seu "apoio crítico" a Haddad, mas logo viajou para a Europa, sem se envolver na campanha do segundo turno.
Ao retornar, um dia antes da votação no último domingo, evitou apoiar explicitamente Haddad e pareceu se posicionar como líder de uma futura oposição. "O Brasil precisa a partir de segunda-feira é construir um grande movimento" que "defenda a democracia" e proteja "os direitos" dos mais pobres, declarou.
Bolsonaro, um admirador da ditadura militar (1964-1985), venceu a eleição com 55% dos votos, contra 45% obtidos por Haddad.
"Não declarei voto ao Haddad porque não quero mais fazer campanha com o PT (...) Fomos miseravelmente traídos. Aí, é traição, traição mesmo. Palavra dada e não cumprida, clandestinidade, acertos espúrios, grana", disse na entrevista.
Na lista de reprovações, ele sustentou que o ex-presidente Lula (2003-2010) compactuou com o Partido Socialista (PSB) cargos nos dois governos para que esta força não se aliasse ao PDT.
O cacique político do estado do Ceará assegurou que Lula, antes de ser proibido de disputar a eleição por sua situação judicial, pediu a ele que fosse seu companheiro de chapa, um papel que foi de Haddad.
"Esses fanáticos do PT não sabem, mas o Lula, em momento de vacilação, me chamou para cumprir esse papelão que o Haddad cumpriu. E não aceitei. Me considerei insultado", afirmou.
O ex-candidato assegurou que havia avisado a Lula da "roubalheira" na Petrobras e sustentou que o ex-líder sindical se cercou de "bajuladores".
"Lamento que Ciro Gomes esteja tão irritado com seu seu resultado eleitoral insatisfatório. Mas entendemos suas dores e somos solidários. O que importa é a unidade contra o fascismo (...) Nisso estaremos juntos!", tuitou a presidente do PT, Gleisi Hoffman.
- Uma rivalidade de quatro décadas -O PDT e o PT foram fundados em 1980 e rivalizam desde então pelo eleitorado de esquerda.
O líder pedetista, Leonel Brizola, de volta do exílio, pretendia ser novamente a figura política central do início dos anos 1960, como herdeiro do presidente nacionalista Getúlio Vargas, que havia se suicidado em 1954.
Mas o PT, surgido da confluência de movimentos sindicais e sociais, ex-guerrilheiros e comunidades religiosas da Teologia da Libertação, imprimia uma nova dinâmica à esquerda sob a liderança de Lula, um metalúrgico.
O PT via o PDT como um partido arcaico, e o PDT denunciava o radicalismo do PT.
Na eleição de 1989, Lula ficou em segundo lugar, à frente de Brizola, e perdeu o segundo turno contra Fernando Collor. Brizola pediu que votassem por Lula, mas não sem ironia:" A política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?", questionou.
Em 1994, Lula voltou a ficar em segundo lugar, com 27% dos votos, metade dos conquistados por Fernando Henrique Cardoso. Brizola ficou em quinto.
Em 1998, Lula se apresentou com Brizola como companheiro de chapa, mas FHC foi eleito, e novamente no primeiro turno.
Em 2002, quando finalmente Lula venceu, o PDT apoiou no primeiro turno Ciro Gomes, que ficou em quarto. Ciro foi nomeado ministro de Integração Nacional de Lula, e Brizola não demorou a denunciar as políticas pró-mercado do PT.
Em 2004, Brizola foi a única fonte citada pelo jornalista do New York Times Larry Rothers em um polêmico artigo sobre o suposto alcoolismo de Lula.
Quando o líder do PDT faleceu em junho daquele ano, Lula decretou três dias de luto. Nas nos funerais foi recebido aos gritos de "Traidor!".
"O PT elegeu Bolsonaro", sentenciou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo divulgada nesta quarta-feira (31).
"O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor que criou uma força antagônica que é a maior força política no Brasil hoje", acrescentou Ciro Gomes, do Partido Democrata Trabalhista (PDT).
Ciro, ex-ministro de Lula de 60 anos, obteve 12,5% dos votos no primeiro turno, atrás de Bolsonaro (46%) e de Haddad (29%).
Em um primeiro momento, declarou seu "apoio crítico" a Haddad, mas logo viajou para a Europa, sem se envolver na campanha do segundo turno.
Ao retornar, um dia antes da votação no último domingo, evitou apoiar explicitamente Haddad e pareceu se posicionar como líder de uma futura oposição. "O Brasil precisa a partir de segunda-feira é construir um grande movimento" que "defenda a democracia" e proteja "os direitos" dos mais pobres, declarou.
Bolsonaro, um admirador da ditadura militar (1964-1985), venceu a eleição com 55% dos votos, contra 45% obtidos por Haddad.
"Não declarei voto ao Haddad porque não quero mais fazer campanha com o PT (...) Fomos miseravelmente traídos. Aí, é traição, traição mesmo. Palavra dada e não cumprida, clandestinidade, acertos espúrios, grana", disse na entrevista.
Na lista de reprovações, ele sustentou que o ex-presidente Lula (2003-2010) compactuou com o Partido Socialista (PSB) cargos nos dois governos para que esta força não se aliasse ao PDT.
O cacique político do estado do Ceará assegurou que Lula, antes de ser proibido de disputar a eleição por sua situação judicial, pediu a ele que fosse seu companheiro de chapa, um papel que foi de Haddad.
"Esses fanáticos do PT não sabem, mas o Lula, em momento de vacilação, me chamou para cumprir esse papelão que o Haddad cumpriu. E não aceitei. Me considerei insultado", afirmou.
O ex-candidato assegurou que havia avisado a Lula da "roubalheira" na Petrobras e sustentou que o ex-líder sindical se cercou de "bajuladores".
"Lamento que Ciro Gomes esteja tão irritado com seu seu resultado eleitoral insatisfatório. Mas entendemos suas dores e somos solidários. O que importa é a unidade contra o fascismo (...) Nisso estaremos juntos!", tuitou a presidente do PT, Gleisi Hoffman.
- Uma rivalidade de quatro décadas -O PDT e o PT foram fundados em 1980 e rivalizam desde então pelo eleitorado de esquerda.
O líder pedetista, Leonel Brizola, de volta do exílio, pretendia ser novamente a figura política central do início dos anos 1960, como herdeiro do presidente nacionalista Getúlio Vargas, que havia se suicidado em 1954.
Mas o PT, surgido da confluência de movimentos sindicais e sociais, ex-guerrilheiros e comunidades religiosas da Teologia da Libertação, imprimia uma nova dinâmica à esquerda sob a liderança de Lula, um metalúrgico.
O PT via o PDT como um partido arcaico, e o PDT denunciava o radicalismo do PT.
Na eleição de 1989, Lula ficou em segundo lugar, à frente de Brizola, e perdeu o segundo turno contra Fernando Collor. Brizola pediu que votassem por Lula, mas não sem ironia:" A política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?", questionou.
Em 1994, Lula voltou a ficar em segundo lugar, com 27% dos votos, metade dos conquistados por Fernando Henrique Cardoso. Brizola ficou em quinto.
Em 1998, Lula se apresentou com Brizola como companheiro de chapa, mas FHC foi eleito, e novamente no primeiro turno.
Em 2002, quando finalmente Lula venceu, o PDT apoiou no primeiro turno Ciro Gomes, que ficou em quarto. Ciro foi nomeado ministro de Integração Nacional de Lula, e Brizola não demorou a denunciar as políticas pró-mercado do PT.
Em 2004, Brizola foi a única fonte citada pelo jornalista do New York Times Larry Rothers em um polêmico artigo sobre o suposto alcoolismo de Lula.
Quando o líder do PDT faleceu em junho daquele ano, Lula decretou três dias de luto. Nas nos funerais foi recebido aos gritos de "Traidor!".
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