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Prazo para recontagem de votos na Flórida vence, mais de uma semana após eleições

15.nov.18 - Funcionários se preparam para fazer recontagem de votos em Palm Beach, Florida - Michele Eve Sandberg/AFP
15.nov.18 - Funcionários se preparam para fazer recontagem de votos em Palm Beach, Florida Imagem: Michele Eve Sandberg/AFP

Miami

15/11/2018 20h01

O estado americano na Flórida alcançou nesta quinta-feira (15) o prazo que tinha para entregar a recontagem de votos em vários de seus cargos eletivos, mais de uma semana depois das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos e em meio a um impasse provocado por demandas e apelações.

A Flórida iniciou no sábado (10) a contagem dos votos para governador, para um assento no Senado federal e para outros cargos locais depois que alguns candidatos venceram o pleito em 6 de novembro com menos de 0,5% de vantagem.

O condado de Palm Beach, na costa nordeste, não cumpriu o prazo das 15h locais (18h de Brasília) para entregar a recontagem dos votos devido a problemas em suas máquinas, mas serão levados em conta os resultados que suas autoridades eleitorais entregaram previamente.

"Foi um esforço heroico", disse a jornalistas a supervisora eleitoral de Palm Beach, Susan Bucher. "Mas ficamos estagnados por problemas mecânicos".

Por enquanto, as cifras confirmam as vitórias apertadas do republicano Ron DeSantis sobre o democrata Andrew Gillum para o governo do estado, e do atual governador republicano, Rick Scott, sobre o senador democrata Bill Nelson por um assento na Câmara alta.

O secretário de Estado da Flórida ainda deve anunciar se vai realizar uma contagem manual no caso das disputas vencidas com margens inferiores a 0,25%, o que, segundo a imprensa local, afetaria Scott e Nelson na disputa pelo Senado.

Em um golpe para os democratas, o juiz federal Mark Walker - que delibera sobre um punhado de demandas vinculadas às eleições - negou uma moção que pedia o adiamento deste prazo para que pudessem ser contabilizados todos os votos de Palm Beach, um condado que tende a ser progressista.

Segundo o calendário eleitoral, os resultados das eleições serão certificadas na terça-feira (20) da semana que vem.

"Todos sabem como isto vai terminar"

Em meio a este caos, o mesmo juiz decidiu nesta quinta-feira (15) pela manhã a favor de Nelson e do Partido Democrata, contrários a que 4.000 votos tivessem sido rechaçados porque as assinaturas dos eleitores apresentavam inconsistências.

Os democratas apostam em que estes votos podem ajudá-los a reverter a primeira contagem, na qual Rick Scott teve vantagem de 0,15% para conquistar o assento no Senado.

Independentemente de quem vencer, os republicanos vão manter sua maioria no Senado, mas se o assento continuar nas mãos dos democratas, sua vantagem será diminuída.

O juiz Mark Walker determinou às seções eleitorais que permitam aos eleitores corrigir as cédulas rejeitadas por disparidade nas assinaturas antes das 17h locais de sábado (20h de Brasília).

"O assunto neste caso é definir se a lei da Flórida que permite que os oficiais eleitorais rejeitem os votos por correio e as cédulas provisórias devido à disparidade nas assinaturas e sem um padrão (...) supera o filtro da constitucionalidade. A resposta é simples: não", disse o juiz.

Rick Scott anunciou que vai apelar da decisão. "Todo mundo sabe como isto vai terminar", disse seu porta-voz, Chris Hartline. "Quando a recontagem tiver concluído, nesta tarde, Nelson terá que decidir se quer preservar seu legado e sair com dignidade [do Senado] ou se quer ser lembrado para sempre como alguém que foi usado por grupos com interesses liberais".

O presidente Donald Trump meteu a colher na disputa na Flórida, denunciando fraude eleitoral e exigindo dos candidatos democratas que aceitem a derrota, o que Nelson não fez e Gillum se retratou por ter se precipitado em fazê-lo na noite das eleições.

Na segunda-feira , Trump publicou no Twitter que "a eleição da Flórida deve terminar favorável a Rick Scott e Ron DeSantis, pois grandes quantidades de cédulas eleitorais apareceram do nada e muitas cédulas se perderam ou são falsas".

Não está claro até que ponto o caso judicial das assinaturas afetará o prazo desta quinta-feira para entregar a recontagem de uma eleição que contou com a participação histórica de 8 milhões de eleitores na Flórida.

Embora a margem siga sendo muito pequena (inferior menor a 0,25%), o secretário de Estado da Flórida pode determinar uma terceira contagem, desta vez manual, que deverá ser entregue antes de 18 de novembro.

Há quase 20 anos, o chamado "estado do sol" foi notícia por ter sido cenário de um episódio similar, que marcou a eleição presidencial americana do ano 2000.

Na ocasião, a Flórida virou manchete na imprensa mundial porque alguns poucos votos separaram o republicano George W. Bush do democrata Al Gore.

Depois de uma contagem manual e de uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, o republicano derrotou o democrata na Flórida por 537 votos e venceu as presidenciais.