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EUA pedem à Colômbia por segurança na investigação do caso Odebrecht

22/11/2018 21h58

Bogotá, 22 Nov 2018 (AFP) - Os Estados Unidos pediram à Colômbia "atenção especial" à segurança de um ex-alto funcionário detido por suposto envolvimento com o caso de corrupção da Odebrecht, após ao morte de uma testemunha e seu filho, segundo uma carta diplomática divulgada nessa quinta-feira.

O ex-diretor da Agência Nacional de Infraestrutura, Luis Fernando Andrade, que tem a cidadania americana, está preso em sua residência em Bogotá, onde segundo ele enfrenta uma "intimidação constante" através de escutas e voos de drones.

O embaixador americano na Colômbia, Kevin Whitaker, enviou uma carta para o governo de Iván Duque em que solicita "atenção especial à segurança e integridade física" de Andrade e sua família.

Datado de 13 de novembro, o texto foi publicado pela W Radio.

A diplomacia se recusou a comentar sobre a "correspondência diplomática", enquanto o Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário confirmou em entrevista à AFP que recebeu a carta, que "está em estudo".

Andrade é investigado por supostamente favorecer a Odebrecht e seu sócio colombiano na concessão de contratos, acusações que nega.

O caso Odebrecht teve uma reviravolta dramática na Colômbia após a morte em 8 de novembro de Jorge Pizano, auditor do consórcio formado pela Odebrecht e a empresa local Corficolombiana para construir a milionária autoestrada que conectaria o centro e o norte do país.

Três dias depois seu filho morreu envenenado com cianureto em uma garrafa d'água encontrada no escritório de Pizano. As duas mortes estão sendo investigadas.

Segundo a promotoria, a Odebrecht pagou na Colômbia 32,5 milhões de dólares em suborno em troca de obras, uma prática realizada pela empresa em pelo menos 12 países, entre eles dez latino-americanos.

Seis pessoas foram condenadas no país por corrupção, revelada para todo o mundo pela justiça americana.

Pizano disse em uma entrevista antes de morrer que o então advogado e hoje Procurador-Geral, Néstor Humberto Martínez, sabia das irregularidades do consórcio e não fez a denúncia.

O ex-auditor tinha uma relação pessoal e profissional com Martínez, que trabalhava como advogado do influente banqueiro Luis Carlos Sarmiento, dono da empresa Corficolombiana.

Andrade também denunciou os "conflitos de interesse" do procurador Martínez, que descartou renunciar ao cargo apesar da pressão política.

A Suprema Corte de Justiça avalia noemar um promotor especial para assumir a investigação.