Cuba recebe como heróis primeiros médicos que voltam do Brasil
Havana, 23 Nov 2018 (AFP) - De jaleco branco e levando bandeiras dos dois países, chegaram nesta sexta-feira a Havana os primeiros 200 médicos cubanos que retornam do Brasil, depois que a ilha decidiu deixar o programa Mais Médicos em reação às críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro.
"Temos defendido que são mais que médicos e é verdade (...) Vocês retornaram à pátria com uma vivência revolucionária e humana que os engrandeceu", disse aos repatriados o presidente Miguel Díaz-Canel, que foi ao aeroporto para cumprimentá-los junto com outros dirigentes, segundo divulgou a televisão local.
"São mais que médicos por isso, porque primeiro souberam chegar com desinteresse, com altruísmo e com entrega plena aos locais (do Brasil) onde não havia assistência médica", acrescentou Díaz-Canel.
Anteriormente, o presidente cubano os havia chamando em um tuíte de "apóstolos da saúde cubana" e destacou que chegavam à ilha "com a dignidade como escudo e bandeira". "A melhor homenagem a Fidel Castro em seus dois anos de ausência presente", apontou.
O voo da Cubana de Aviación, um IL-96-300 de fabricação russa, aterrissou em Havana às 5h15 locais (8h15 em Brasília) depois de um trajeto de quase sete horas de voo e uma decolagem com atraso. Levavam suas malas, mas também eletrodomésticos - mais difíceis de adquirir na ilha - e até seus animais de estimação.
Trata-se do primeiro grupo dos mais de 8.300 cubanos que devem deixar o Brasil até 10 de dezembro, depois que Havana decidiu se retirar do acordo mantido pela Organização Pan-americana de Saúde (OPS) há cinco anos com o Brasil.
Esse programa permitia que médicos estrangeiros chegassem a lugares que não eram cobertos por profissionais brasileiros.
"Voltamos hoje, e assim farão nossos colegas, com toda honra e dignidade do mundo. Nunca permitiremos ameaças, nem que questionem o humanismo e o profissionalismo com que atendemos nossos pacientes brasileiros", disse um dos médicos ao jornal "Juventud Rebelde", ao desembarcar.
O deslocamento de alguns será complexo. Há poucos dias, o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, assegurou que, no início do programa, dezenas deles foram levados para áreas selvagens e distantes, inclusive com aviões militares, e agora precisam fazer o caminho de volta. "Acho que metade não volta, acho que eles gostam do nosso estilo de vida", considerou.
Segundo disse uma fonte diplomática à AFP, cerca de 2.000 dos médicos cubanos estabeleceram vínculo matrimonial com brasileiros, o que lhes permitiria ficar.
- 'Diplomacia do jaleco branco' -Desde que a decisão de Cuba foi anunciada, há uma semana, a imprensa local faz uma intensa campanha sobre o tema com fortes acusações contra Bolsonaro.
A saída dos médicos começou a deixar sem atendimento médico imediato vários locais rurais e da periferia das grandes capitais do Brasil. O governo abriu um concurso para preencher essas vagas com médicos locais.
O presidente eleito condicionou a permanência dos médicos a uma revalidação de seu diploma e a contratos individuais com o governo brasileiro, que lhes permita receber o salário integral, assim como liberdade para levarem suas famílias para o Brasil.
Cuba paga seus médicos no exterior 30% do que recebe por seu trabalho, mantém sua posição e seu salário na ilha, e dedica o resto dos recursos ao orçamento do Estado, especialmente à manutenção de um sistema de saúde e educação gratuito e universal para seus cidadãos.
A exportação de mão-de-obra profissional é a primeira atividade da economia cubana, que registrou mais de 11 bilhões de dólares anuais ao orçamento estatal, embora essa quantia tenha caído consideravelmente nos últimos anos devido à crise na Venezuela, onde trabalham milhares de médicos cubanos.
Atualmente, médicos e paramédicos cubanos trabalham em 67 países, uma prática que começou nos primeiros anos da revolução de Fidel Castro, em 1959, e foi descrita como "diplomacia do jaleco branco".
Em muitos casos, Cuba oferece essa cooperação gratuitamente, segundo suas autoridades.
A imprensa cubana anunciou na semana passada o envio de outros 500 médicos à Venezuela, onde trabalham milhares desde o começo deste século.
Brigadas de médicos cubanos realizaram "missões" devido a desastres naturais ou epidemias, como o ebola, em países como Paquistão, Indonésia, México, Equador, Peru e Chile.
Cuba também treinou gratuitamente em suas universidades mais de 35.000 profissionais de saúde de 138 países.
"Temos defendido que são mais que médicos e é verdade (...) Vocês retornaram à pátria com uma vivência revolucionária e humana que os engrandeceu", disse aos repatriados o presidente Miguel Díaz-Canel, que foi ao aeroporto para cumprimentá-los junto com outros dirigentes, segundo divulgou a televisão local.
"São mais que médicos por isso, porque primeiro souberam chegar com desinteresse, com altruísmo e com entrega plena aos locais (do Brasil) onde não havia assistência médica", acrescentou Díaz-Canel.
Anteriormente, o presidente cubano os havia chamando em um tuíte de "apóstolos da saúde cubana" e destacou que chegavam à ilha "com a dignidade como escudo e bandeira". "A melhor homenagem a Fidel Castro em seus dois anos de ausência presente", apontou.
O voo da Cubana de Aviación, um IL-96-300 de fabricação russa, aterrissou em Havana às 5h15 locais (8h15 em Brasília) depois de um trajeto de quase sete horas de voo e uma decolagem com atraso. Levavam suas malas, mas também eletrodomésticos - mais difíceis de adquirir na ilha - e até seus animais de estimação.
Trata-se do primeiro grupo dos mais de 8.300 cubanos que devem deixar o Brasil até 10 de dezembro, depois que Havana decidiu se retirar do acordo mantido pela Organização Pan-americana de Saúde (OPS) há cinco anos com o Brasil.
Esse programa permitia que médicos estrangeiros chegassem a lugares que não eram cobertos por profissionais brasileiros.
"Voltamos hoje, e assim farão nossos colegas, com toda honra e dignidade do mundo. Nunca permitiremos ameaças, nem que questionem o humanismo e o profissionalismo com que atendemos nossos pacientes brasileiros", disse um dos médicos ao jornal "Juventud Rebelde", ao desembarcar.
O deslocamento de alguns será complexo. Há poucos dias, o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, assegurou que, no início do programa, dezenas deles foram levados para áreas selvagens e distantes, inclusive com aviões militares, e agora precisam fazer o caminho de volta. "Acho que metade não volta, acho que eles gostam do nosso estilo de vida", considerou.
Segundo disse uma fonte diplomática à AFP, cerca de 2.000 dos médicos cubanos estabeleceram vínculo matrimonial com brasileiros, o que lhes permitiria ficar.
- 'Diplomacia do jaleco branco' -Desde que a decisão de Cuba foi anunciada, há uma semana, a imprensa local faz uma intensa campanha sobre o tema com fortes acusações contra Bolsonaro.
A saída dos médicos começou a deixar sem atendimento médico imediato vários locais rurais e da periferia das grandes capitais do Brasil. O governo abriu um concurso para preencher essas vagas com médicos locais.
O presidente eleito condicionou a permanência dos médicos a uma revalidação de seu diploma e a contratos individuais com o governo brasileiro, que lhes permita receber o salário integral, assim como liberdade para levarem suas famílias para o Brasil.
Cuba paga seus médicos no exterior 30% do que recebe por seu trabalho, mantém sua posição e seu salário na ilha, e dedica o resto dos recursos ao orçamento do Estado, especialmente à manutenção de um sistema de saúde e educação gratuito e universal para seus cidadãos.
A exportação de mão-de-obra profissional é a primeira atividade da economia cubana, que registrou mais de 11 bilhões de dólares anuais ao orçamento estatal, embora essa quantia tenha caído consideravelmente nos últimos anos devido à crise na Venezuela, onde trabalham milhares de médicos cubanos.
Atualmente, médicos e paramédicos cubanos trabalham em 67 países, uma prática que começou nos primeiros anos da revolução de Fidel Castro, em 1959, e foi descrita como "diplomacia do jaleco branco".
Em muitos casos, Cuba oferece essa cooperação gratuitamente, segundo suas autoridades.
A imprensa cubana anunciou na semana passada o envio de outros 500 médicos à Venezuela, onde trabalham milhares desde o começo deste século.
Brigadas de médicos cubanos realizaram "missões" devido a desastres naturais ou epidemias, como o ebola, em países como Paquistão, Indonésia, México, Equador, Peru e Chile.
Cuba também treinou gratuitamente em suas universidades mais de 35.000 profissionais de saúde de 138 países.
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