Rússia se nega a fixar data limite para negociações sobre Síria
Roma, 23 Nov 2018 (AFP) - A Rússia se negou a fixar uma "data limite" para as negociações com a Síria e teme que queiram sabotar a nova rodada de reuniões no Cazaquistão, afirmou nesta sexta-feira (23) em Roma o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
"Não acredito em prazos artificiais", assegurou o ministro durante a conferência MED 2018, que reúne líderes da Europa e do Oriente Médio.
Para o ministro russo, qualquer tentativa de pressionar o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, esconde o desejo de sabotar o processo de paz impulsionado pela Rússia no Cazaquistão.
"Aqueles que insistem que Staffan imponha uma data limite só querem uma coisa: arruinar as negociações e voltar à lógica da mudança de regime", comentou Lavrov.
O chamado processo de Astana (capital do Cazaquistão), patrocinado por Rússia e Irã, aliados do regime sírio, e Turquia, que apoia os rebeldes, reúne desde janeiro de 2017, sem a presença dos Estados Unidos, representantes do governo sírio e uma delegação da oposição.
Estas negociações ofuscaram as tentativas infrutíferas da ONU para tentar encontrar uma solução à guerra que deixou mais de 350.000 mortos desde março de 2011.
Questionado por um participante sobre o motivo do apoio da Rússia ao regime sírio de Bashar al-Assad, chamado de "autoritário" que "massacra" seu próprio povo, Lavrov respondeu que seu país não apoia uma figura política em particular da Síria e que depende apenas do povo sírio mudar ou não o regime "por meio de eleições".
O ministro defendeu igualmente a necessidade de respeitar os direitos humanos, mas recordou que também existe o "direito à vida", falando sobre as intervenções no Iraque e na Líbia que custaram a vida de milhares de civis.
"Perguntem aos líbios como estavam antes da intervenção ocidental em 2011 contra o regime do coronel Muammar Kadhafi", destacou.
- Assassinato de militantes na revolta democrática -Enquanto isso, dois militantes da rebelião contra o regime sírio, que depois se posicionaram contra os grupos extremistas, foram assassinados a tiros nesta sexta na província de Idlib, último grande reduto rebelde do país, informaram uma ONG e uma rádio local.
"Os dois militantes Raed Fares e Hamud Al Jneid foram assassinados a tiros por desconhecidos dentro de um furgão na cidade de Kafranbel", no noroeste da Síria, indicou em sua página do Facebook "Radio Fresh", fundada em 2013 por Fares.
Fares e Jneid, que trabalhavam para a Radio Fresh, morreram durante a oração muçulmana semanal, detalhou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os dois "eram famosos por suas posturas críticas ante os atropelos dos insurgentes, em particular os extremistas", indicou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
"No passado receberam advertências do Hayat Tahrir al-Sham", nome do ex-braço sírio da Al-Qaeda que domina Idlib, recordou.
Fares era conhecido por seus cartazes, muitas vezes irônicos, nos quais criticava o regime de Bashar al-Assad, e a passividade da comunidade internacional.
Tinha 46 anos e três filhos. Jneid, de 38, era pai de cinco filhos, segundo membros do seu entorno contactados pela AFP.
A rebelião síria logo se converteu em uma guerra civil, que contou com a participação de grandes potências regionais e internacionais. Deixou mais de 360 mil mortos e milhões de refugiados.
ob-kv/pb/cb/cc
"Não acredito em prazos artificiais", assegurou o ministro durante a conferência MED 2018, que reúne líderes da Europa e do Oriente Médio.
Para o ministro russo, qualquer tentativa de pressionar o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, esconde o desejo de sabotar o processo de paz impulsionado pela Rússia no Cazaquistão.
"Aqueles que insistem que Staffan imponha uma data limite só querem uma coisa: arruinar as negociações e voltar à lógica da mudança de regime", comentou Lavrov.
O chamado processo de Astana (capital do Cazaquistão), patrocinado por Rússia e Irã, aliados do regime sírio, e Turquia, que apoia os rebeldes, reúne desde janeiro de 2017, sem a presença dos Estados Unidos, representantes do governo sírio e uma delegação da oposição.
Estas negociações ofuscaram as tentativas infrutíferas da ONU para tentar encontrar uma solução à guerra que deixou mais de 350.000 mortos desde março de 2011.
Questionado por um participante sobre o motivo do apoio da Rússia ao regime sírio de Bashar al-Assad, chamado de "autoritário" que "massacra" seu próprio povo, Lavrov respondeu que seu país não apoia uma figura política em particular da Síria e que depende apenas do povo sírio mudar ou não o regime "por meio de eleições".
O ministro defendeu igualmente a necessidade de respeitar os direitos humanos, mas recordou que também existe o "direito à vida", falando sobre as intervenções no Iraque e na Líbia que custaram a vida de milhares de civis.
"Perguntem aos líbios como estavam antes da intervenção ocidental em 2011 contra o regime do coronel Muammar Kadhafi", destacou.
- Assassinato de militantes na revolta democrática -Enquanto isso, dois militantes da rebelião contra o regime sírio, que depois se posicionaram contra os grupos extremistas, foram assassinados a tiros nesta sexta na província de Idlib, último grande reduto rebelde do país, informaram uma ONG e uma rádio local.
"Os dois militantes Raed Fares e Hamud Al Jneid foram assassinados a tiros por desconhecidos dentro de um furgão na cidade de Kafranbel", no noroeste da Síria, indicou em sua página do Facebook "Radio Fresh", fundada em 2013 por Fares.
Fares e Jneid, que trabalhavam para a Radio Fresh, morreram durante a oração muçulmana semanal, detalhou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os dois "eram famosos por suas posturas críticas ante os atropelos dos insurgentes, em particular os extremistas", indicou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
"No passado receberam advertências do Hayat Tahrir al-Sham", nome do ex-braço sírio da Al-Qaeda que domina Idlib, recordou.
Fares era conhecido por seus cartazes, muitas vezes irônicos, nos quais criticava o regime de Bashar al-Assad, e a passividade da comunidade internacional.
Tinha 46 anos e três filhos. Jneid, de 38, era pai de cinco filhos, segundo membros do seu entorno contactados pela AFP.
A rebelião síria logo se converteu em uma guerra civil, que contou com a participação de grandes potências regionais e internacionais. Deixou mais de 360 mil mortos e milhões de refugiados.
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